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Terça, 14 Abril 2015 08:50

Isabel dos Santos aumenta pressão sobre o CaixaBank

Empresária angolana quer aceleração do processo da OPA do CaixaBank. Objectivo é forçar a subida do preço ou a viabilização de uma fusão BPI/BCP.

A empresária angolana Isabel dos Santos pretende uma clarificação rápida na Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank sobre o BPI0.14%, que está a condicionar a actividade da instituição e que já levou à sua saída prematura da corrida à compra do Novo Banco, apurou o Diário Económico. Aumentando a pressão sobre os catalães, a Santoro, de Isabel dos Santos, propôs que a próxima assembleia-geral do BPI delibere já sobre a desblindagem dos estatutos.

Ao que o Diário Económico apurou, a proposta do BPI pelo Novo Banco previa que só poderia avançar com uma oferta vinculativa em caso de sucesso da OPA do CaixaBank. Face a este interesse condicionado, o Banco de Portugal optou por excluir o BPI da corrida, não o tendo incluído nos cinco ‘players' que passaram à fase final do processo. Este facto serve de fundamentação para o pedido de Isabel dos Santos para uma clarificação em torno da OPA, que só deverá arrancar formalmente no próximo mês, após o registo na CMVM.

Ontem, em declarações à Reuters, o representante de Isabel dos Santos em Portugal reiterou que a melhor alternativa para o BPI é uma fusão com o BCP-0.65%. E que, para avançar com esse projecto, é necessário acelerar o processo da OPA. "Em relação à visão estratégica para o banco, não alteramos o nosso posicionamento - continuamos a acreditar que uma solução de fusão entre o BPI e o BCP é a melhor solução para ambas as instituições e para o sistema financeiro português", disse Mário Leite da Silva. Afirmou ainda que "não é do interesse da instituição, dos seus accionistas ou dos diversos ‘stakeholders' que o BPI se encontre limitado na sua actuação por um tempo ilimitado e injustificado".

Isabel dos Santos tem 19% do BPI e já tornou claro que pretende utilizar esta posição accionista de bloqueio para chumbar a desblindagem, que é uma das condições de sucesso da OPA. Assim, o objectivo da proposta de inclusão na ordem de trabalhos da assembleia de 29 de Abril será simplesmente aumentar a pressão sobre os catalães, para que estes aceitem sentar-se à mesa das negociações. E a empresária angolana coloca-lhes duas alternativas: ou sobem a actual oferta de 1,329 euros por acção, para um valor que inclua o que entende ser um prémio de controlo; ou desistem da desblindagem dos estatutos e viabilizam uma fusão entre o BPI e o BCP.

Se o CaixaBank retirar a condição da desblindagem, a OPA será bem sucedida, dado que já tem 44% do capital do BPI e poderá facilmente passar dos 50%, comprando acções no mercado. Isto significa que, mesmo que passe a ter mais de metade das acções do BPI, o CaixaBank continuará a votar com apenas 20% dos direitos de voto. Para tornar este cenário aceitável, Isabel dos Santos coloca em cima da mesa a fusão com o Millennium BCP, já que, neste cenário, a blindagem dos estatutos deixaria de fazer sentido e a participação do CaixaBank no BPI converter-se-ia automaticamente numa participação significativa num futuro "Millennium BPI". Resta saber, porém, se o CaixaBank está disposto a viabilizar essa fusão e a manter uma parceria com os angolanos na nova instituição, que seria o maior banco português em activos.

Económico

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