Sexta, 27 de Junho de 2025
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Sexta, 27 Junho 2025 14:38

Samakuva exorta a juventude universitária a lutar pelos seus direitos e corrigir os “erros dos mais velhos”

Isaías Samakuva exorta a juventude universitária a ser irreverente e ousada, capaz de apresentar alternativas inovadoras para o desenvolvimento do País.

O primeiro presidente da UNITA em tempo de paz, Isaías Samakuva, instou a juventude universitária angolana a “lutar pelos seus direito s e dos que não têm voz”.

Isaías Samakuva, que falava recentemente no Instituto Superior Politécnico do Bita (ISPB) sobre ‘O Papel das Universidades na Preservação da Paz e da Reconciliação Nacional em Angola’, defende a necessidade de a juventude universitária desempenhar um papel vital na conservação da paz.

De acordo com o político, compete à juventude universitária a construção de uma Angola pacífica, justa e solidária, onde as feridas do passado sejam curadas com verdade, memórias e esperança.

O antigo líder do ‘galo negro’, que pede aos estudantes para que corrijam os “erros dos mais velhos” para “a felicidade e prosperidade nacional”, entende que o processo de construção das nações mobiliza gerações.

“Fizemos a primeira parte, identificámos o que está mal e o que precisamos de corrigir, para vocês melhorarem o percurso e fazerem melhor do que nós, corrigindo os nossos erros”, enfatiza.

Samakuva, que considera o futuro de Angola estar nas mãos daqueles que, com coragem e sabedoria, se dedicam à causa da paz, alerta a juventude pa ra que tenha como prioridade os estudos e a investigação.

“O futuro de Angola está nas vossas mãos. Estudem e investiguem com mente aberta”, exorta.

Como que indignado com o ‘silêncio dos bons’, aconselha, igualmente, a juventude universitária a criticar com construtividade e que seja, sobretudo, ousada e apresente alternativas inovadoras.

“Defendam a liberdade, a solidariedade e a justiça; lutem pelos vossos direitos e pelos direitos dos que não têm voz”, apela.

O também presidente da Fundação Jonas Savimbi exorta, ainda, os jovens a lutar pela paz democrática, a que beneficia a todos e não apenas a uns poucos.

Segundo o político, a paz conquistada em Angola representa um marco histórico, mas a sua preservação exige um compromisso permanente com a justiça, a inclusão e a reconciliação.

“As universidades devem ser protagonistas do esforço colectivo, actuando como espaços de formação crítica, de diálogo intercultural e de construção de soluções sustentáveis”, defende.

Nação sem paz não é livre

Uma nação sem paz não é livre, como não se pode afirmar a liberdade como real quando se está privado de paz, considera o docente universitário Zakeu Zengo.

Contactado pelo NJ para debater o tema, o também especialista em Filosofia Política refere que alguns definem a paz como ausência de guerra, mas, do ponto de vista político e social, a existência da paz nacional será sempre ilusória enquanto existirem razões para conflitos bélicos, para conflagrações sociais, para intolerâncias políticas e para exclusão e pobreza.

Socorrendo-se à gramática da filosofia política grega e fazendo jus a Aristoteles, Zakeu Zengo realça que sociedades caracterizadas por fortes assimetrias de cidadania, com forte presença de autoritarismo político e práticas éticas opostas ao que chamaram de democracia, não produzem paz.

“Dificilmente produzem paz. Isto levou a política a tornar-se a disciplina mais importante da educação e a educação como formação para a cidadania. É aqui que podemos afirmar a relação entre o papel das universidades, a preservação da paz e da reconciliação nacional em Angola”, sustenta.

As universidades devem educar pessoas “altamente qualificadas ou cidadãos responsáveis, capazes de atender às necessidades de todos os aspectos da actividade humana”, diz o académico, referindo-se à Declaração Mundial sobre Educação Superior.

“Em Angola, as universidades desempenham papel vital na manutenção da paz e independência das nações, através da formação crítica, investigação inovadora, socialização de saberes e colectivização das soluções científicas e tecnológicas produzidas neste espaço”, destaca.

Cultura de paz e promoção das diferenças

Assente na trilogia investigação - extensão - empreendedorismo, o vice-presidente para a Área Científica e Pós-Graduação do Instituto Superior Politécnico Alvorecer da Juventude (ISPAJ), Eurico Ngunga, descreve a universidade como um factor crucial na promoção da paz e desenvolvimento do País, no domínio da formação de quadros superiores, especializados e diferenciados, com qualidade reconhecida.

Explica que a universidade deve primar pela formação de quadros de excelência, expressa numa adequada preparação técnica, científica, cultural e humana, com capacidade de desenvolver a aprendizagem ao longo da vida e contribuir para o desenvolvimento socioeconómico do País, num espírito altruísta com foco na justiça social, na cultura de paz e na promoção do respeito pelas diferenças.

“A universidade é fundamental para formar cidadãos comprometidos com a construção de uma sociedade mais pacífica”, destaca Eurico Ngunga. NJ

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Last modified on Sexta, 27 Junho 2025 17:49