Domingo, 16 de Junho de 2024
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Sexta, 24 Mai 2024 21:29

Portugal deve fazer reparações como fizeram outros colonizadores - nacionalista angolano

O nacionalista angolano Roberto de Almeida disse hoje, em Luanda, que Portugal “não deve ser uma exceção” entre os países que tiveram colónias e entende que são devidas reparações pela colonização.

Roberto de Almeida, antigo vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), sublinhou, em declarações à Lusa, que Portugal “também colonizou” e foram registados “danos nesse período de colonização, tanto humanos como materiais”.

“Não sei se deve constituir uma exceção”, disse Roberto de Almeida, que hoje assistiu a um colóquio denominado “Pelos Caminhos da História – Do Indegenato à Cidadania, organizado pelo Memorial Dr. António Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola, com reflexões sobre o processo histórico angolano.

Em abril passado, o Presidente português, Marcelo de Sousa, nas celebrações do 50.º aniversário da revolução de 25 de abril de 1974, defendeu que Portugal deve liderar o processo de assumir e reparar as consequências do período do colonialismo, sugerindo, por exemplo, o perdão de dívidas, cooperação e financiamento.

“Eu acho que [Portugal] não deve ser uma exceção, é um movimento internacional, aliás, não se fala ainda na restituição dos bens culturais, estátuas, obras de arte, que foram levadas daqui. Até o Vaticano está a devolver coisas, porque é que Portugal não devolve?”, insistiu Roberto de Almeida.

Questionado sobre se o nível de cooperação hoje existente entre os dois países se equipararia a uma reparação, Roberto de Almeida respondeu: “Eles talvez pensem que isso é suficiente”.

“A cooperação deve ser mutuamente vantajosa. Acabamos de ouvir aqui, a cooperação é uma relação acordada entre duas partes, que definem um certo comportamento. Na colonização não houve essa definição de vantagem mútua, havia uma parte que dominava a outra e mais nada, e ninguém podia falar”, sublinhou.

Segundo Roberto de Almeida, também escritor, conhecido pelo pseudónimo Jofre Rocha, ele próprio foi vítima do passado colonial, questionando se existe reparação possível para o que passou.

“Porque que é que havia PIDE [Polícia Internacional e de Defesa do Estado]? É porque as coisas estavam a correr muito bem? Eu passei sete anos nas cadeias da PIDE, portanto, não há reparação possível para isso”, frisou.

Sobre as reparações, o Governo liderado pelo social-democrata Luís Montenegro afirmou que "não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de ações específicas com o propósito" de reparação pelo passado colonial português e que se pautará "pela mesma linha" de executivos anteriores.

Mais tarde, em Cabo Vede, Marcelo de Sousa disse que a reparação às ex-colónias está a ser feita através da cooperação portuguesa com as antigas colónias.

“Ainda agora houve um apelo das instituições internacionais para o Norte apoiar o Sul. Para Portugal não houve dúvidas nenhumas sobre a prioridade a dar àqueles que são Estados que falam português, que viram a independência depois de terem sido colónias”, disse o chefe de Estado português.

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