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Sábado, 04 Outubro 2014 21:37

Subida dos combustíveis em Angola já chegou aos 'candongueiros'

Uma semana após o aumento dos combustíveis em Angola a alteração nos preços praticados por alguns "candongueiros", que asseguram o transporte público em Luanda, é por enquanto a consequência mais evidente, segundo o relato dos utentes.

Os preços dos vários combustíveis subiram, por decisão do Governo angolano, globalmente, 46,4 por cento, a 27 de Setembro. No caso da gasolina cada litro passou de 60 para 75 kwanzas e o gasóleo de 40 para 50 kwanza.

Já a prever a situação, a associação de taxistas de Luanda pediu nos últimos dias ponderação aos seus membros, mas a reacção foi contrária e há já quem esteja a cobrar 300 kwanzas por uma corrida que há uma semana ficava por 100.

Florentina Dongueka, empregada doméstica residente em Viana, a cerca de 20 quilómetros do centro de Luanda, precisa de apanhar três táxis para fazer chegar ao trabalho. Nos últimos dias o custo aumentou e já não sabe com o que conta sempre que sai de casa, logo pela manhã.

"Antes gastava 600 kwanzas para ida e volta, mas agora nunca sei quanto é que isso vai custar, por isso tenho que guardar mais dinheiro para o táxi", explicou Florentina, em declarações à agência Lusa.

Quanto mais se aproxima da hora de ponta, contou ainda, mais caro se torna o táxi, por isso a solução que encontrou foi sair mais cedo do trabalho.

"Já paguei 200 kwanzas da Mutamba até aos Congoleses [dentro da cidade de Luanda] e se for mais tarde, quando as paragens estão cheias, podes pagar até 300 kwanzas", garante, falando com conhecimento de causa.

Os táxis que ainda cobram o preço oficial (100 kwanzas) optaram por fazer rotas mais curtas, garante por sua vez Jeremias de Brito, vendedor ambulante, residente no Rocha Pinto. "No fundo é a mesma coisa. Eles não querem perder e nós é que pagamos", frisou.

Questionado se isso vai fazer aumentar o preço dos produtos que vende, admite que ainda não pensou no assunto: "Não sei, mas acho que não. Por enquanto continuo a comprar ao mesmo preço o meu negócio, se subirem claro que também vou aumentar".

Já Manuela Guimarães, funcionária pública, é de opinião que mais tarde ou mais cedo a subida do preço do combustível vai acarretar um aumento generalizado nos produtos.

Contudo, entende que a subida dos combustíveis não justifica uma escalada dos preços.

"Não vejo o porquê de se aumentar os preços. As pessoas aproveitam-se de tudo para ter lucros, infelizmente", criticou, acrescentando que o preço anterior dos combustíveis era baixo e ainda o continua a ser. Até porque um litro "nem sequer chega a um dólar", recorda.

Opinião contrária tem Bruno Saldanha, que antes conseguia encher o depósito da sua viatura com pouco mais de 2.000 kwanzas (16 euros), o que já acontece. Por isso diz que não se justifica o aumento do preço, porque "afinal Angola é país produtor de petróleo".

Apesar deste ajustamento dos preços, o Governo angolano sublinha que os combustíveis continuam a ser subsidiados pelo Orçamento Geral do Estado.

O último acerto do preço dos combustíveis - que em Angola são fixados pelo Governo - aconteceu em 2010.

LUSA

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