"Acreditamos que há espaço para baixar as taxas de juro, para darmos mais hipóteses aos negócios de sobreviverem", disse José Lima Massano numa entrevista à Bloomberg, feita à margem da participação do governador na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
"Tivemos um processo em que a nossa moeda estava artificialmente valorizada, e agora temos de fazer alguma coisa, é um processo doloroso", admitiu o banqueiro central na entrevista, concedida poucos dias antes de o banco decidir, na segunda-feira, se mantém as taxas de juro nos atuais 15,5%.
"Se não conseguirmos imprimir estabilidade em termos de inflação, de moeda externa, no final do dia não estamos a construir a infraestrutura que promova um crescimento sustentável", afirmou, defendendo que é essencial procurar este crescimento "devido ao estado atual” da economia angolana.
Angola deverá enfrentar este ano o quarto ano consecutivo de recessão económica, com uma inflação de 17,9% em agosto, a dívida pública acima de 80% do PIB e com as reservas externas a descerem para cerca de 10 mil milhões de dólares.
O kwanza perdeu cerca de 17% face ao dólar este ano, o que torna o ambiente económico ainda mais difícil dada a forte dependência do país das exportações.
A diversificação económica tem sido uma das principais apostas do Presidente João Lourenço, a par da reforma do setor petrolífero e bancário, assolado por crédito malparado à volta dos 30%.