Terça, 14 de Outubro de 2025
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Terça, 14 Outubro 2025 16:06

Analistas desafiam João Lourenço a apresentar “país real” na sua mensagem à Nação

Analistas desafiaram hoje o Presidente angolano a apresentar o “país real e não fictício” na sua mensagem à Nação, pedindo políticas objetivas para travar a fome, a miséria e o desemprego e os “resultados tangíveis” da diplomacia económica.

O Presidente angolano, João Lourenço, apresenta, na quarta-feira, o seu discurso sobre o Estado da Nação na abertura do quarto ano legislativo da V Legislatura da Assembleia Nacional de Angola e os analistas ouvidos pela Lusa consideram que este discurso deve também “devolver a esperança aos angolanos”.

“Tenho estado a defender que o discurso sobre o Estado da Nação, mais do que radiografar o país, deve também devolver esperança ao cidadão e há um segmento da nossa sociedade que penso que o Presidente deve passar uma palavra, para além de encorajamento, mas de esperança, sobretudo aos jovens com os problemas de falta de habitação, o desemprego galopante”, disse hoje o analista Osvaldo Moco.

À Lusa, Mboco disse esperar ouvir do Presidente da República políticas para travar a inflação, que deixa as familias angolanas sem poder de compra, bem como a estratégia de combate à fome e a pobreza, já que muitos angolanos recorrem aos contentores de lixo para se alimentarem.

"Temos estado a assistir, nos últimos tempos, a um grande número de pessoas que, para além de viver na rua, alimentam-se de restos de comida dos contentores de lixo e era importante vermos a nossa estratégia de combate à pobreza e quais os setores que devemos articular e medidas para a produção nacional, Industrialização e a cobertura de água potável", notou.

"Seria bom também que o Presidente da República apresentasse quantos angolanos somos após a realização do Censo 2024-cujos resultados ainda não foram divulgados", observou.

Osvaldo Mboco, especialista em relações internacionais, defendeu ainda ser fundamental que o chefe de Estado angolano apresente o balanço da sua diplomacia económica em oito anos de governação, nomeadamente o número de manifestações de interesse, número de empresas atraidas, respetivos setores, volume de negócio e postos de trabalho criados.

Balanço também defendido, em declarações à Lusa, pelo analista politico Crispin Senga: "Enquanto angolano o que gostaria de ouvir do discurso do Presidente da República), em primeiro, e quais são os resultados tangiveis que o pais conseguiu relativamente à diplomacia económica

Senga destacou as "viagens regulares do Presidente angolano ao exterior, referindo ser "fundamental que João Lourenço diga aos angolanos quais são os ganhos que o país conseguiu destas viagens que são financiadas com o dinheiro de todos.

Crispin Senga, igualmente especialista em relações internacionais, afirmou, por outro lado, que Angola "continua refém do petróleo", considerando que o chefe de Estado deveria dizer à Nação "o que se tem feito para que o pais deixe de depender maioritariamente do petróleo e apostar, verdadeiramente, na diversificação da economia.

"Então, espero que o Presidente da República apresente a situação real e não ficticia do país que queremos construir, referiu o especialista, pedindo atenção ao setor social devido à fome e à pobreza "que têm vindo a agudizar se cada vez mais".

Um discurso mais próximo da realidade é o que defende o analista Albino Pakisi, ressalvando, no entanto, que nem tudo foi mau nos oito anos de governação de João Lourenço e que, neste periodo, também houve avanços, sobretudo nos dominios de infraestruturas como hospitais, escolas e estradas.

"Termos que reconhecer que não foi tudo mau, não podemos dizer que está tudo mal, há avanços, só que os avanços não são nas áreas e nos setores que as populações pedem, como a questão do emprego, termos mais desempregados, então aqui há uma série de fatores que devern ser invocados no discurso do Presidente da República", disse.

Pakisi disse esperar que João Lourenço seja "mais consentâneo" com a realidade do pais, porque "a realidade pede muito mais".

"Mas, também esperamos que não existam inverdades, tal como aconteceu nos últimos discursos, de Infraestruturas que se diziam estavam concluidas, mas que não estavam (...)", conclulu o docente e filósofo angolano.

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