De acordo com o mais recente relatório sobre o comportamento da inflação, ao qual a agência Lusa teve hoje acesso, a variação homóloga dos preços em Luanda situou-se, até outubro, em 12,4%, um aumento de 4,92 pontos percentuais face ao mesmo período de 2014.
O valor acumulado da inflação (últimos doze meses) renovou em outubro máximos dos últimos quatro anos, segundo os dados do INE angolano, enquanto em setembro se tinha cifrado em 11,6%.
Devido à crise decorrente da quebra na cotação internacional do petróleo, Angola viu reduzir a receita fiscal para metade, assim como a entrada de divisas no país, agravando o custo das importações e o acesso a produtos, inclusive alimentares.
Estes dados do INE indicam que, analisando a situação em outubro (com o total de doze meses), voltou a ser ultrapassado, tal como em julho, agosto e setembro, o intervalo (7 a 9%) para a inflação anual previsto pelo Governo angolano no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2015, revisto em março precisamente devido à crise petrolífera.
Luanda é a única província angolana com dados a um ano.
O Índice de Preços no Consumidor Nacional - incluindo as restantes 17 províncias - registou uma variação de 1,17%, de setembro para outubro de 2015.
Neste período, Luanda liderou entre as províncias que registaram maior aumento dos preços, com 1,35%, juntamente com o Cunene (1,12%), Cuando Cubango e Lunda Norte (1%).
No relatório de fundamentação do OGE para 2016 refere-se que "as perspetivas de fecho do ano de 2015 são de uma inflação de dois dígitos, em torno de 13,8% [variação entre janeiro e dezembro]", ou seja, quase o dobro do estimado inicialmente, recuando a níveis de há seis anos.
"A taxa de inflação retomou a dois dígitos em julho 2015, desfavorecida pela atual conjuntura. A taxa de câmbio e a quebra da confiança dos agentes económicos estiveram na base do recuo da inflação", reconhece o Governo angolano.
Em sede da programação macroeconómica do executivo, revista no mês de setembro, segundo o mesmo documento de programação orçamental, "estão previstas um conjunto de medidas de atenuação de pressões inflacionais" e de "preservação da solvabilidade externa da economia a níveis internacionalmente recomendáveis".
As medidas envolvem ainda o controlo do rácio da dívida em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB), sublinha o Governo.
No OGE para 2016, com apreciação e votação na generalidade na Assembleia Nacional agendada para 17 de novembro, o Governo angolano prevê uma taxa de inflação de 11%.
Lusa