Mas agora, com um microfone na mão e os olhos no futuro, o General Higino Carneiro desafia o sistema que o “criou”, e fá-lo com um gesto de alto risco, que mais parece um grito de ruptura ou um último acto de sobrevivência.
Será que está mesmo pronto para cumprir o antigo desejo do seu pai, ser Presidente da República, ou apenas tenta baralhar o jogo, à espera de um lugar melhor na mesa?
E mais, o MPLA está preparado para absorver este tipo de iniciativa sem entrar em convulsão?
Ou vamos assistir à velha máquina a esmagar mais uma tentativa de mudança, com sorrisos falsos e bastidores em chamas?
A meu ver, o mais Velho Higino pode ter dito mais com a sua atitude do que com as suas palavras, talvez esteja a mostrar que dentro do MPLA também há gente cansada do teatro democrático sem democracia.
É só teatro ou há palco para disputa real?
É coragem política ou desespero de classe?
É abertura ou só mais um ensaio de fachada?
O que sei é que, hoje, pela primeira vez em muito tempo, alguém (General e com histórico de Dirigente) dentro do MPLA ousou dizer “eu quero” antes de ser mandado dizer “está feito”, e isso, só por si, já mexe com tudo.
Por Adilson Paim