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Sexta, 20 Fevereiro 2015 10:35

FNLA procura salvar-se de si própria

Facção de Ngola Kabangu contesta reeleição de Lucas Ngonda e pede congresso do diálogo até 2017.

A auto-intitulada Comissão Interna para o Diálogo na Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) apelou ontem à realização de um “congresso de unificação” para “salvar” o partido, não reconhecendo a liderança do reconduzido presidente Lucas Ngonda.

A posição foi assumida em conferência de imprensa, em Luanda, por Nime-a-Simbi, porta-voz desta comissão afecta à facção liderada por Ngola Kabango, destituído da presidência após decisão do tribunal, mas que se assume igualmente como líder do partido.

“Eu ainda estou esperançado. Temos de salvar a FNLA, mas salvar não é a todo o custo. Vamos dialogar e vamos a um congresso. E aquele que vencer, venceu”, disse Nime-a-Simbi, questionado pela Lusa e acusando a liderança de Lucas Ngonda de “falta de diálogo” interno.

Os militantes da FNLA reconduziram, no domingo, Lucas Ngonda como presidente, num congresso marcado por confrontos entre as duas alas que provocaram um morto e 16 feridos. Os dois lados acusam-se mutuamente pela responsabilidade nos desacatos e na falta de diálogo interno.

Esta comissão garante que o congresso, convocado pela direcção de Lucas Ngonda, ficou marcado por “um mar de irregularidades” e por uma “fraude aberta e escandalosa”, recordando que dos 1.501 delegados previstos, apenas participaram 671.

À eleição para presidente do partido – a que não concorreu a ala de Ngola Kabangu – apresentaram-se, além de Lucas Ngonda, que reuniu o apoio de 524 congressistas, Pedro Gomes (124 votos), David Martins (nove votos) e Tozé Fula (quatro votos).

“Tendo em conta a necessidade imperiosa de garantir a perenidade da FNLA, partido histórico e co-fundador da jovem nação angolana, decidimos manter bem estendida a mão fraterna do diálogo com todos militantes e simpatizantes desejosos de ver a FNLA, ainda este ano, reunida num verdadeiro congresso de unificação”, exortou Nime-a-Simbi.

Durante a conferência de imprensa, participada por dezenas de apoiantes, foi ainda questionado o interesse de outras forças na continuação da situação actual naquele partido, numa alusão à alegada aproximação entre os dirigentes actuais da FNLA e o MPLA, partido no poder em Angola.

“Estou esperançado que até 2017 [eleições gerais em Angola], antes mesmo de 2017, vai acontecer o congresso [de unificação]. A força da razão vai prevalecer, os dados todos estão à disposição”, rematou Nime-a-Simbi, mandatado pela ala de Ngola Kabangu para “dialogar” com a facção de Lucas Ngonda, até agora sem sucesso.

Conhecido como o partido “dos irmãos”, a FNLA foi fundada há mais de meio século pelo histórico líder angolano Holden Roberto e actualmente conta com apenas dois deputados eleitos ao parlamento e tem vindo a enfrentar vários problemas na sua organização interna.

LUSA