A governadora Lotty Nolika, citada pela imprensa local, no ato de entrega de diplomas aos militares, referentes a uma curta formação em pedagogia, justifica a medida com base no défice de professores.
Em reação, o sindicato dos professores acusa o governo local de ter sido infeliz na decisão, que considera um “insulto” à classe docente e às respectivas instituições.
Abel José chama a atenção para o aspecto da pedagogia, como fator elementar na docência, e diz ser inaceitável formar um professor num mês. "Estamos a viver a pior fase da desvalorização da classe docente, no quadro de um compadrio e promiscuidade tão clara, que visa definhar a profissão de docente", disse.
O professor José Jorge faz parte do grupo de desempregados, e diz que esta medida peca, por existirem milhares de quadros do setor atirados ao desemprego. "Realmente existem muitos quadros formados nesta área e que deveriam ocupar estes lugares", advertiu.
À semelhança de Jorge, encontra-se Manuel Fonseca, formado em ciências da educação, a aguardar por um emprego na função pública há 9 anos.
Como alternativa, para sobreviver, conta o docente, muitos destes profissionais têm recorrido a instituições privadas e outras, dando aulas ao domicilio. Em última análise Fonseca sugere que a solução passe por mais concursos públicos anuais. "Deveriam realizar mais concursos públicos, pelo menos uma vez por ano, para estimular a juventude a aplicar o que aprenderam", sugeriu.
Mário Rodrigues, director do setor da educação do estado, desdramatiza a informação, assegurando que os militares recém admitidos na docência têm formação profissional na área. "São militares, quis assim o destino, mas formados na área da educação. Não há problema, porque estão formados”, disse.
Dados do sector da educação, na província angolana do Huambo, aponta para um défice de 20 mil professores contra os 18 mil existentes, num rácio de 1 professor para 90 alunos.