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Domingo, 27 Junho 2021 11:03

Empresário Valdomiro Dondo recusa suspeitas de corrupção em Angola

O empresário angolano-brasileiro disse hoje, em Luanda, que não responde em nenhum processo na justiça angolana relacionado com suspeitas de corrupção, negando qualquer benefício nos seus negócios por alegada proximidade ao ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.

“Ligações nunca tive nenhuma, mesmo com o antigo Presidente nunca fui recebido por ele, tinha sim relacionamentos como todos nós empresários que estamos aqui, temos que ter um bom relacionamento a nível do Governo, a nível de ministérios e isso tem sido o nosso esforço”, disse Valdomiro Dondo em declarações à agência Lusa.

Conhecido como um dos maiores empresários em Angola, com negócios em vários setores económicos, Valdomiro Dondo é apontado em vários círculos como tendo relações de proximidade com vários dirigentes do Governo angolano.

Segundo o empresário, em nenhum dos seus negócios teve apoio direto do antigo Presidente, dando o exemplo do Luanda Medical Center (LMC), um centro médico privado, cujo edifício, em 2020, a Procuradoria-Geral da República anunciou a sua recuperação no âmbito de um processo de investigação patrimonial.

“De concreto, eu até gostaria que me apontassem um negócio que eu tive favorecimento, que não foi através de concurso, que não tenha sido aprovado pelo Tribunal de Contas, isso é especulação e não existe”, atirou.

Em março do ano passado, o site de investigação Maka Angola, do jornalista angolano Rafael Marques divulgou uma matéria na qual questionava a legalidade dos negócios entre Valdomiro Dondo e o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), que entre 2004 e 2018 terá monopolizado contratos de cerca de dois mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros).

Entre os negócios com o INSS está incluída a construção do LMC, negócio sobre o qual Valdomiro Dondo diz que a sua participação, de 10%, foi através de um investimento privado.

“Tive a oportunidade de comprovar às autoridades que os recursos do meu investimento foram aportados e a minha participação no empreendimento é como empresário privado e sou minoritário, sou um acionista minoritário do empreendimento”, frisou.

Instado a comentar a apropriação do edifício pelas autoridades angolanas, o empresário disse desconhecer as razões que levaram o Governo a tomar essa decisão.

“Isso não posso julgar, quais foram as razões que levaram o Governo a tomar essa decisão, mas o que estamos fazendo e pleiteando é para que a nossa participação de empresário seja mantida”, salientou Valdomiro Dondo, rejeitando que seja alvo de qualquer processo na justiça angolana.

Sobre o combate à corrupção em Angola, compromisso eleitoral de 2017, que vem sendo levado a cabo pelas autoridades do país, Valdomiro Dondo considera que tem contribuído muito para a melhoria do ambiente de negócios.

“Nós empresários obviamente preferimos trabalhar, investir, num bom ambiente de negócios. Isso nos facilita no desenvolvimento de parcerias, de obtenção de financiamentos. Nesses últimos três anos temos constatado de uma forma bastante satisfatória um bom ambiente de desenvolvimento de negócios”, realçou.

Valdomiro Dondo pede mais investimento do Brasil em Angola

O empresário brasileiro-angolano Valdomiro Minoru Dondo, defendeu, em Luanda, um maior incentivo do governo brasileiro para que os brasileiros invistam em Angola e quebrem o ritmo de decréscimo das relações comerciais verificados nos últimos anos.

Valdomiro Dondo, considerado um dos empresários de maior sucesso em Angola, presente no país há 35 anos, notou que a relação comercial Brasil/Angola, "decresceu muito" nos últimos anos, o que no seu entender "não se justifica".

"Nós fazemos muito esforço para trazer colegas para cá", disse Valdomiro Dondo, manifestando o seu interesse no segmento da agroindústria em parceria com empresários brasileiros que "têm tecnologia, 'know-how'", lembrando que a similaridade de produtos agropecuários que se produzem no Brasil podem ser produzidos no país africano.

"Nós vemos que falta contrapartida de sensibilização do governo brasileiro junto ao empresariado. O exemplo é que hoje o transporte marítimo Brasil/Angola praticamente não existe, a ligação aérea está suspensa, então isso torna muito difícil", realçou.

Há 35 anos em Angola, Valdomiro Dondo começou a sua atividade empresarial em Angola na década de 1980 com o comércio de alimentos exportados do Brasil, expandindo mais tarde os seus negócios para outros setores, sendo hoje detentor de mais de 20 empresas, nos segmentos dos transportes, banca, saúde, imobiliário, tecnologias de informação, mineração, restauração, bebidas e agricultura.

O empresário afirma ter investido no país africano acima de 500 milhões de dólares (420 milhões de euros), mas reconhece que a "realidade atual está bem diferente do era há dois anos".

Em declarações à agência Lusa, Valdomiro Minoru Dondo, disse que "a economia decresceu um pouco com a pandemia", o que levou a uma redução de pelo menos 2.000 postos de trabalho dos 5.000 que conseguiu criar com os seus negócios.

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