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Terça, 22 Setembro 2015 11:48

Aliança Patriótica quer governar o país em 2022

Esta nova força política resultou da “refundação da Nova Democracia-União Eleitoral (ND-UE)” extinta, pelo Tribunal Constitucional, à luz da Lei dos Partidos Políticos. Entretanto a UNITA reagiu contra os símbolos deste partido que diz serem semelhantes à sua bandeira e promete contestar junto do Tribunal Constitucional.

O presidente da Aliança Patriótica Nacional (APN), Quintino de Moreira, afirmou esta semana, em Luanda, que a sua nova força política vai trabalhar para se afirmar na arena política nacional e ser uma força alternativa para governar o país a partir de 2022. Quintino de Moreira fez esta afirmação esta Segunda-feira,14, em Luanda, em declarações exclusivas à OPAÍS, à margem da apresentação deste partido à imprensa, legalizada pelo Tribunal Constitucional(TC) no dia 12 de Agosto de 2015.

“O nosso objectivo é trabalhar para, a curto prazo, conquistarmos a simpatia do povo angolano, através das nossas acções políticas. Vamos apresentar- lhes o nosso programa e é com base nesse projecto que pretendemos governar Angola ”, explicou o líder da APN.

Esta nova força política, que nasce das cinzas da antiga coligação Nova Democracia-União Eleitoral (NDUE), afirma que a sua linha de força assenta na promoção da política social, económica, cultural e na defesa do cidadão, das liberdades de expressão e de opinião, segundo o seu líder.

A Aliança Patriótica Nacional, que se assume também como sendo um partido de centro-esquerda, antevê, já nas próximas eleições gerais em 2017, trabalhar para que consiga participar “condignamente nesta maratona eleitoral e obter um bom resultado”.

E esse resultado, atendo-nos às declarações de Moreira, passa pela conquista de um número considerável de deputados e formar uma bancada forte na Assembleia Nacional. “Esse é o primeiro passo que almejamos dar”, afirmou o político, que já foi deputado entre 2008-2012 pela ND-UE.

Com a esperada conquista de assentos no Parlamento, segundo a fonte, a formação política começará a projectar-se para altos voos rumo à governação que pretende nos próximos sete anos. “ Se estivermos bem representados no Parlamento, podemos começar a sonhar governar o país”, perspectivou.

Quintino de Moreira, sentenciou que como “sonhar não é proibido”, augura que este sonho se transforme em realidade, embora reconheça haver uma batalha democrática forte pela frente visando “destronar” o MPLA. Eles dizem-se convictos que também terão de enfrentar a UNITA e a CASA-CE, respectivamante a segunda e terceira forças políticas do país, que também almejam governar, obviamente.

Embora a fonte diga que esta tarefa se afigura difícil, “mas não impossível”, acredita que o seu projecto de governação poderá vingar no horizonte temporal preconizado.

“Se trabalharmos como prevemos, tenho a certeza que vamos conseguir o nosso objectivo”, apontou.

O que pretende a APN?

Quintino Moreira disse que a organização que dirige pretende dar um novo rumo à governação do país, tendo escolhido a corrupção como o primeiro mal a combater, por, segundo ele, “ estar a eternizar-se nas instituições do Estado ”.

Segundo ainda a fonte, os níveis de corrupção no país atingiram proporções alarmantes jamais vistas na história de Angola independente que em Novembro completa 40 anos. “A corrupção enraizou-se do topo à base e é necessário reverter o quadro com base em instrumentos democráticos”, augurou.

Esses instrumentos, segundo o político, são os tribunais que devem julgar os casos ligados à corrupção, tais como: “fraudes fiscais, branqueamento de capitais e outros males que envolvem o crime de colarinho branco”.

Secretariados provinciais

Entretanto, a APN prevê, dentro de três meses, transformar os núcleos provinciais em secretariados provinciais, municipais e comunais, havendo equipas que já estão a trabalhar nesse sentido, segundo garantias dadas pelo seu presidente.

Segundo Quintino Moreira, apesar desta nova organização política debater- se com a falta de verbas para comprar instalações, o partido contará com o apoio de alguns militantes e quadros que disponibilizaram instalações pessoais, nas províncias e municípios, nas quais o partido vai funcionar.

Para Quintino de Moreira, o importante nesta fase inicial é instalar o partido e pô-lo a funcionar com as mínimas condições de trabalho “e os restantes meios como mobiliário de escritório e transporte serão adquiridos paulatinamente, atendendo as dificuldades financeiras que o país está a atravessar”.

Composição

Para além do cargo de presidente ocupado por Quintino de Moreira, a APN conta com um vice-presidente, Marques José Canga, enquanto que o secretário-geral será indicado numa reunião do Comité Central (CC) a realizar- se dentro de 30 dias.

A APN é composta ainda por um Bureau Político (BP), constituído por 18 membros, e um Comité Central(CC) com 61 membros. Está representada em todo o país, cobrindo mais de 80 por cento dos municípios, segundo o seu líder Quintino Moreira.

A maior parte dos quadros intermédios e de base é oriunda da coligação Nova Democracia, que era integrada por seis partidos políticos, mas extintos depois das eleições de 2012 por não ter obtido 0,5 por cento dos votos para manter-se como força política à luz da Lei dos partidos políticos e da Constituição.

Refira-se que a Nova Democracia- União Eleitoral obteve 13, 337 mil votos expressos nas urnas, correspondendo a 0, 23 por cento, insuficientes para conquistar um único assento na Assembleia Nacional(AN).

Bandeira gera polémica

A bandeira de nova formação política tem como distintivos as cores laranja e verde e um imbondeiro ao centro sobre um fundo branco. Segundo explicações de Quintino de Moreira, o laranja que cobre a parte de cima e de baixo simboliza a vitalidade, força física e intelectual. O imbondeiro significa robustez, ao passo que a cor verde representa esperança, a cor branca a paz universal. Quinto Moreira disse que a recolha de assinaturas e para a legalização do seu partido junto do Tribunal Constitucional durou oito meses.

UNITA contesta símbolos

“O nosso objectivo é trabalhar para, a curto prazo, conquistarmos a simpatia do povo angolano, através das nossas acções políticas” A principal força política da Oposição, a UNITA, insurgiu-se contra os símbolos da Aliança Patriótica Nacional, por, alegadamente, se assemelharem com a sua bandeira e promete contestar “veementemente” junto do Tribunal Constitucional, segundo garantiu o seu secretário-geral adjunto, Gabriel Silvestre (Samy).

Em declarações prestadas à O PAÍS, o político disse que, para além de um protesto formal junto do Tribunal, o seu partido vai reagir “energicamente” nas próximas 48 horas, por considerar a atitude da direcção deste partido como presumivelmente premeditada. Segundo Silvestre Samy, “tanto a direcção do partido como o Tribunal Constitucional sabem perfeitamente que a Lei proíbe a existência de símbolos iguais entre os partidos políticos”. Ele acrescentou que há, supostamente, “uma intenção deliberada” para prejudicar o seu partido em termos eleitorais.

A fonte afirmou que a UNITA não está contra o surgimento de mais um partido político, mas por causa da similitude dos símbolos que esta nova formação política ostenta, insiste que existe intenção para enganar o eleitorado do partido e roubar-lhes votos nas urnas.

Gabriel Samy acusou ainda esta nova organização política de ser um “ apêndice” do MPLA, partido que governa o país, tendo questionado a “facilidade que teve para, em pouco tempo, legalizar-se com símbolos semelhantes aos nossos”.

O político apontou ainda a APN de estar ao serviço do actual partido no poder “como fez a Nova Democracia durante o tempo que esteve na Assembleia Nacional, confundido como se tratasse de um partido da Oposição”, revelou

OPAIS

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