Sexta, 05 de Dezembro de 2025
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Sexta, 05 Dezembro 2025 13:45

Marcolino Moco diz que Higino Carneiro recebeu medalha da retaliação, vingança e ódio

O antigo secretário-geral do MPLA, Marcolino José Carlos Moco, reagiu na quarta-feira ao anúncio da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a constituição de arguido do general Francisco Higino Lopes Carneiro, ex-governador de Luanda e do Cuando Cubango, em dois processos-crime que tramitam há vários anos na Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP).

A PGR revelou, na terça-feira, que Higino Carneiro é agora formalmente suspeito dos crimes de peculato e burla qualificada, nos processos n.º 46/19 e 48/20, ambos relacionados com actos praticados durante a sua gestão governativa.

Em reacção publicada na sua página oficial do Facebook, Marcolino Moco afirmou que, “depois de tantas hesitações”, o general Higino Carneiro acabou por receber a “merecida medalha da retaliação, vingança e ódio”, numa crítica contundente ao que descreve como um aparelho de Justiça “erguido para garantir” práticas persecutórias.

O também ex-primeiro-ministro angolano ironiza ainda sobre o discurso público que poderá emergir a favor da decisão da PGR.

“Haverá gente, com direito a micro e megafones, a justificar, com todos os dentes, que se trata de um acto de combate contra a corrupção e a impunidade”, frisou.

Marcolino Moco afirma igualmente que o próprio Higino Carneiro declarou confiança na Justiça angolana, “para que não lhe aconteça o pior”.

Numa reflexão mais ampla sobre o estado da justiça e da governação no país, o mesmo questiona. “Até quando, Nosso Deus, estes embalo-chissokolombescos actos, a envergonhar o Continente e a matar de fome pátrias envaidecidas de suas liberdades de mais de 50 anos?”

Outrossim, uma outra fonte do Imparcial Press chamou atenção para alegadas incoerências no funcionamento da Justiça e do poder político, recordando que o Presidente João Lourenço ofereceu carros e casas à seleção angolana de basquetebol sem prestar contas sobre a rubrica orçamental que suportou as despesas.

A mesma fonte lembrou que também nunca foi esclarecida a origem dos fundos usados para pagar a seleção argentina de Lionel Messi, aquando da sua vinda a Angola, sublinhando que nesses casos não houve questionamento público, nem iniciativas judiciais.

Em relação ao processo envolvendo Higino Carneiro, a fonte acrescenta que a antiga província do Cuando Cubango já não existe na mesma delimitação administrativa, questionando como o tribunal poderá mandar confirmar dados referentes a uma estrutura que já não funciona nos moldes da época em que os factos terão ocorrido.

A fonte sustenta ainda que, mesmo que existam irregularidades, grande parte dos supostos crimes está amnistiada pelo último Decreto Presidencial de Amnistia.

Acrescenta que as viaturas associadas ao caso estão registadas em nome de pessoas que trabalharam no Governo ou no MPLA, sugerindo que essas pessoas podem ser facilmente localizadas para confirmar se receberam ou não tais bens.

“Por tudo isso, e por outros dados que não constam aqui, esses processos irão morrer na praia”, concluiu.

Os processos que envolvem Higino Carneiro remontam a investigações abertas há vários anos, relacionadas com a sua gestão enquanto governador provincial.

A PGR indica que a formalização da sua condição de arguido decorre do avanço das diligências conduzidas pela DNIAP.

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