Sexta, 17 de Outubro de 2025
Follow Us

Sexta, 17 Outubro 2025 20:12

Polícia angolana trava vigília pela libertação dos presos políticos e detém vários jovens

A polícia angolana travou hoje, em Luanda, uma vigília convocada por membros da sociedade civil "pela libertação dos presos políticos", tendo retirado do local vários jovens, situação testemunhada pela Lusa no local.

A vigília, que estava anunciada para o Jardim São Domingos, junto à igreja com o mesmo nome, em Luanda, não chegou a acontecer, pois a polícia retirou à força do local alguns jovens, que envergavam t-shirts pretas com os dizeres "Vozes Livres, Presos Políticos Livres" estampados em branco, inviabilizando o ato.

A ativista Laura Macedo, uma das organizadoras, relatou que, ao chegar ao local, encontrou "um aparato policial muito grande" que obrigou os jovens a desmobilizar.

"Eu estou aqui desde as 17 horas, tranquila, dentro do meu carro, com muita polícia, polícia estacionada e polícia a passar, principalmente muitos agentes à paisana", comentou, afirmando que um dos agentes obrigou os ativistas a "desmobilizar", mostrando "uma carta fictícia".

"Eu até aceito que o Governo não consiga entregar uma carta lá em Cacuaco, na Rua Sem Número, em Viana, na Rua Sem Número, mas eu tenho o endereço, estou localizada, vivo na baixa da cidade (...) não consigo perceber porque o governo da província tem sempre que não cumprir a lei e usar a Polícia Nacional para fazer este trabalho sujo", ironizou.

Questionada sobre o conteúdo da suposta carta, afirmou que não a leu e que nenhum dos ativistas recebeu a carta.

Segundo Laura Macedo, os agentes alegaram que "o governo da província não autorizou" a realização da vigília, o que considera ilegal.

"A lei diz que eu não preciso de autorização para fazer uma atividade. [...] Nós só estávamos na concentração, não estávamos sequer ainda no Largo", indignou-se.

Laura Macedo indicou que cerca de 15 jovens foram levados pela polícia, incluindo alguns transeuntes que "acharam que se vinham manifestar".

O objetivo da vigília era exigir a libertação imediata de todos os presos políticos e o fim das prisões a quem reclama por uma vida digna para todos os angolanos.

A ativista falou em "prisões ilegais" e contestou o argumento policial de que o local estava próximo de uma esquadra: "Nós estamos a mais de 300 metros da esquadra, a lei permite-me estar a 100. Portanto, não se entende porque é que a polícia tem sempre que fazer o trabalho sujo das autoridades administrativas, isso é o que a mim me incomoda."

Garantiu, contudo, que as ações vão continuar e prometeu "manifestações espontâneas", garantindo que não é necessária qualquer autorização para realizar iniciativas deste género a partir das 19:00.

"Das 07:00 da noite à meia-noite nós temos esse direito, a lei permite. Portanto não entendo, o que é que esta gente quer? Têm medo de quê? Será que o Presidente João Lourenço tem medo de mim?", indignou-se.

Na convocatória entregue ao Governo Provincial de Luanda, os organizadores afirmavam que "as autoridades angolanas mantêm, em diferentes cadeias do país, mais de 10 cidadãos acusados de crimes diversos: rebelião, terrorismo, instigação pública ao crime, associação criminosa, entre outros, quando estes apenas exerciam seus direitos constitucionais".

Rate this item
(0 votes)