Segunda, 04 de Agosto de 2025
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Segunda, 04 Agosto 2025 13:32

BD quer comissão independente de inquérito sobre mortes durante a greve dos taxistas

O Bloco Democrático (BD) pediu esta segunda-feira, 04, a criação de uma comissão independente de inquérito, com participação da sociedade civil, Ordem dos Advogados e das Nações Unidas, para apurar responsabilidades criminais e administrativas, na sequência das mortes ocorridas durante a greve dos taxistas.

Em conferência de imprensa, o presidente do BD, Filomeno Viera Lopes, disse que tem informações documentadas de que mais de 40 pessoas foram assassinadas a sangue frio, pelas forças de defesa e segurança, durante os confrontos.

"Há centenas de feridos, muitos com sequelas físicas irreversíveis e sem atendimento médico", referiu o presidente do BD, que disse haver um silêncio ensurdecedor da Procuradoria-Geral da República, a defensora da legalidade, "que já deveria ter agido, diante de várias denuncias de crimes públicos perpetrados em nome do Estado angolano".

"Há um silêncio de quem devia proteger os menos desfavorecidos e prestar contas", acrescentou, salientando que, passados mais de 40 anos, a fome, a pobreza, a exclusão, são as causas que o Executivo não quer admitir, por vergonha e incompetência.

Na sua opinião, a tensão vai permanecer se neste contexto de ausência de credibilidade das instituições não forem criadas condições para melhorar o ambiente político no país.

Lembrou que em 1992 a Frente Para a Democracia (FPD), força percursora do Bloco Democrático (BD), no seio da Coligação Angola Democrática, apresentou um plano, consistente, para transformar a tensão militar em tensão política com medidas concretas para evitar o conflito.

"Falámos com o Bureau Político do MPLA e com a direcção da UNITA. O Presidente da República de então (José Eduardo dos Santos) recusou-se a dialogar connosco. O MPLA driblou as propostas, muitas das quais constaram no acordo de 1994, mas sem efeito, para terminar com a guerra então iniciada", recordou.

"O partido da situação não pode cometer os mesmos erros e arrastar o país para um novo conflito desastroso", apelou Filomeno Viera Lopes, que lançou como desafio um pacto de dignidade e cidadania, "por um novo modelo de Estado, que respeite a vida, que governe com justiça e que construa a paz com base na verdade.

"A comunidade internacional que saiba ultrapassar, nesta hora difícil para o povo angolano, o plano dos interesses, e que tenha a coragem de elevar a sua voz no plano dos valores universais, pautando a sua conduta pelos direitos humanos, tal como as ONU já sinalizaram. Só assim evitaremos os tradicionais mal-entendidos, que nessas situações ocorrem entre a população nacional e estrangeira", concluiu, sublinhando que Angola não precisa de mais tiros. NJ

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