O escrutínio sobre a governação de Angola é exaustivo. E parte, como é natural dos próprios angolanos, mas também de Portugal, por força das ligações económicas, políticas e culturais que existem entre os dois países. Ao contrário do que sucede em outros PALOP (países africanos de língua oficial portuguesa), os angolanos, tal como os portugueses, pensam em português. Noutras latitudes, embora a língua de Camões seja o idioma oficial, pensa-se em crioulo e isso faz diferença e também gera equívocos.
Este laço entre Portugal e Angola é indestrutível e alimenta a fiscalização que em cada país se faz do outro. No caso angolano, o diagnóstico, dos seus cidadãos e de uma esmagadora maioria dos portugueses, concentra-se nas falhas que existem no Governo de Angola e na incapacidade dos seus líderes para colocarem o país na rota do desenvolvimento. Essas falhas, aliás, são amiúde apontadas neste Radar África.
O diagnóstico de deficiências, todavia, não é impeditivo da valorização de Angola entre os seus pares. Analisando o continente africano como um todo, Angola emerge como um dos países mais estáveis e no qual a autoridade do Estado é reconhecida. Mais, contrapondo a situação de Angola com a de outros produtores de petróleo, pode-se até concluir que o país é um “paraíso” por contraste com a Nigéria, a Líbia, a República do Congo ou o Sudão.
No índice de perceção da corrupção da Transparência Internacional, Angola também tem vindo a conquistar posições, embora ainda num modesto 116.º lugar entre 180 países, em 2022, mas à frente do Quénia, Níger, Egito, Chade e Nigéria, entre outros. Em 2012, Angola ocupava o 157.º posto. A comparação aponta para uma evolução meritória, mas também mostra que existe muito espaço para melhorar.
Acresce que, na atual conjuntura internacional, por foça da guerra na Ucrânia, Angola passou a ser insistentemente cortejada pelos Estados Unidos, de forma a diminuir a intensidade das relações do país com a China e a Rússia.
Jornal de Negócios