Em parte, esta obsessão na ideia de que esse partido, pela superioridade daqueles que o integram, está subtraído à regra, tão razoavelmente espectável, de se ter de perder eleições em alguma altura, explica o facto do “sistema” ter sido obrigado a recorrer a esse forcing vergonhoso de colocar a comunicação social pública, a CNE e o TC, ao seu descarado serviço, com a necessária antecedência, via sua composição e “orientação superior” apertada.
Acabo de ouvir, com muito interesse, observações de alguém da chamada “família MPLA” ou mesmo militante activo desse partido, lamentar que o fracasso se deve à falta de promoção de jovens, dentro da Organização, à semelhança da UNITA de hoje, onde brilham jovens como Rafael Savimbi, Adriano Sapiñala, Navita Ngolo, Ekuikui e tantos os outros.
Dentro de uma discussão aberta, eu gostava de adiantar que esta situação não surge por acaso, mas sim, resultado do sistema que tomou conta do MPLA e de que ele próprio se tem de libertar. Porque, como se reconhece, há muitos jovens igualmente brilhantes dentro MPLA mas que estão atados a um sistema empobrecedor. É um sistema virado para o enaltecimento da liderança e para o "puxar para baixo" de tudo o que quer sobressair, dentro ou fora da Organização, especialmente na Oposição.
Observem-se os rios de dinheiro que se gastam para se afinar a máquina repressiva; a corrupção de membros da oposição e dos activistas independentes, o lobbying nacional e estrangeiro, a corrupção do poder judicial e da comunicação social, que só podem ajudar no encobrimento da própria corrupção corrente que se finge combater e do embrutecimento de consciências.
Pois, se essa maioria administrativa, continuar a ser manipulada neste sentido, com esta Constituição que desresponsabiliza um PR cercado por um sistema que não quer saber da Pátria, nunca surgirão Sapinãlas e Michaelas no MPLA, que corre o risco de amanhã ser afastado, definitivamente, do cenário político, quer gostemos quer não.
Pior, porque os interesses de qualquer partido dentro de um sistema democrático, não se devem sobrepor aos interesses da Pátria, é essa que continuará a somar derrotas, nestes sucessivos movimentos do “puxa para baixo”.
De todos os quadrantes, mesmo dentro do próprio MPLA, é contra este sistema perverso que se deve reagir, para a salvação de Angola.