Através de uma rede social, segundo recorda Graça Campos, João Lourenço postou que “O MPLA saiu ontem à rua, para comemorar a vitória do penta. Aguardemos serenamente pela decisão do Tribunal Constitucional. Depois vamos organizar a segunda festa, a cerimónia de investidura e os actos que se seguem”.
Para o jornalista Graça Campos, com essa curta mensagem, o presidente João Lourenço “matou duas cajadadas com um coelho”.
“Primeiro, deixou-se de disfarces e assumiu pública e solenemente que instituições como Comissão Nacional Eleitoral e Tribunal Constitucional são meros apêndices da Presidência da República e, segundo, poupou a quase totalidade dos juízes do Tribunal Constitucional do fingimento de que decidem apenas de acordo com a lei e com a sua consciência”, reparou Campos.
A bola é toda dele
No seu entender, a mobilização da Polícia Nacional e a Prontidão Combativa Elevada das Forças Armadas Angolanas (FAA), estão aí para confirmar que João Lourenço toma Angola como uma bola de que é dono único e absoluto.
Recordar que, o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, segundo um despacho que Angola24Horas teve acesso, ordenou a todas as unidades das Forças Armadas Angolanas (FAA) para estarem em "prontidão combativa" de 04 a 20 de Setembro de forma a garantir a "ordem e tranquilidade públicas".
Assim, as Forças Armadas de Angola estão desde domingo, em “prontidão combativa elevada” com o fim de evitar “incidentes que perturbem a ordem e tranquilidade públicas, bem como proporcionar a manutenção da defesa e segurança do território nacional”. De acordo com o despacho assinado pelo chefe do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas, general António Egídio de Sousa Santos, a decisão prende-se com as eleições e terá “particular incidência na província de Luanda”.
No mesmo dia em que terminava o prazo para o Tribunal Constitucional se pronunciar sobre o pedido de anulação das eleições apresentado pela UNITA, o segundo partido mais votado nas eleições de 24 de Agosto que reclama uma série de irregularidades no processo eleitoral, inclusive a má contagem dos votos, Angola militariza o espaço público a pensar nos possíveis protestos.
O general pediu ainda, no despacho, o reforço das medidas de segurança junto aos “principais objectivos económico-estratégicos e das instituições do Estado” e ainda “o controlo do movimento de colunas militares e restrições na saída de aeronaves militares”, no que parece dar a entender que as chefias castrenses temem que os protestos contra os resultados eleitorais se possam estender aos quartéis.
Antes das eleições, referem dados, falava-se na possibilidade de que o culminar destas eleições tensas, “as mais disputadas” desde 1992, poderiam redundar numa violência pós-eleitoral de proporções semelhantes às de há 30 anos, quando a UNITA não aceitou o resultado do escrutínio e a guerra civil foi retomada.
A prontidão de combate das Forças Armadas, segundo informações ainda, estará a antecipar os possíveis protestos que essa decisão poderá causar e o receio de que se possam estender aos quartéis.