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Terça, 19 Julho 2022 08:27

Batalha pelo funeral de Eduardo dos Santos. Milucha junta-se à filha

Maria Luísa Abrantes, Milucha, junta-se esta segunda-feira, 18, à filha Tchizé dos Santos, que disputa em Espanha o controlo judicial do cadáver do pai. Falecido no dia 8 de Julho, o corpo de José Eduardo dos Santos é disputado por filhos e pela antiga esposa, Ana Paula dos Santos.

O cadáver de JES está sob custódia judicial depois de autópsia requerida por Tchizé dos Santos por suspeita que pode ter havido uma conspiração para pôr termo à vida do pai. Os resultados apontaram que a morte decorreu de causas naturais. Não obstante, as autoridades judiciais espanholas pediram mais provas forenses e por isso mantém sob custódia o corpo de José Eduardo dos Santos.

Ana Paula dos Santos tem o apoio dos seus filhos e do Governo para trasladar o corpo para Angola, onde o Governo lhe reserva um funeral de Estado.

Tchizé dos Santos opõe-se terminantemente a trasladação imediata de corpo do pai. De forma reiterada, ela tem dito que José Eduardo dos Santos não será enterrado em Angola na “presença e sob presidência de João Lourenço”.

Sem qualquer suporte documental ou testemunhal, Tchizé dos Santos também tem repetido que o pai lhe teria dito que não pretenderia ser sepultado no país pelo Presidente João Lourenço.

Depois de haver tomado partido de Ana Paula dos Santos e dos filhos no que deveria ser exclusivamente uma disputa intrafamiliar sobre a data e o local dos funerais de José Eduardo dos Santos, o Governo angolano decidiu envolver-se directamente na batalha.

No último fim de semana, o ministro da Administração do Território, Marcy Lopes, anunciou a contratação de um advogado espanhol para representá-lo no processo.

É o envolvimento directo do Governo na disputa familiar que pode ter precipitado a decisão de Maria Luísa Abrantes de se juntar à filha em Espanha.

Ao Correio Angolense, fonte idónea assegurou que Milucha não levará apenas “calor maternal à filha”. À mãe de Tchizé e Coreon Du é atribuída a posse de manancial de informações susceptíveis de desequilibrar, a favor da filha, a balança.

“Ela tem informações que podem arruinar as pretensões do Governo de trazer imediatamente o corpo a Luanda”.

A fonte do Correio Angolense não detalhou a natureza das informações pretensamente detidas pela mãe de Tchizé e Coreon Du.

Contrariamente à Ana Paula dos Santos, que se afastou da vida de José Eduardo dos Santos desde 2017, Milucha esteve sempre perto do pai dos seus filhos. Entre Setembro do ano passado e Março deste, período em que o antigo Presidente esteve em Luanda, Milucha frequentou assiduamente a casa deste, ao Miramar. É nessa altura que José Eduardo dos Santos lhe teria confiado dossiers muito sensíveis.

“Ao entregar-lhe dossiers muito sensíveis, o falecido presidente mostrou ter na Milucha confiança que não tinha na Ana Paula dos Santos. Essa confiança foi cimentada no contacto permanente que ambos tiveram no últimos cinco anos. Essa não é a situação de Ana Paula dos Santos que, de facto, se afastou da vida de José Eduardo dos Santos nos últimos anos. Isso certamente dirá alguma coisa ao juiz que tem o caso em mão”.

Tchizé dos Santos tem negado a Ana Paula qualquer autoridade moral para decidir o destino do cadáver do pai.

“Uma pessoa que nos últimos 5 anos esteve apenas dois meses com o Engenheiro José Eduardo dos Santos não pode agora arrogar-se o direito de decidir seja o que for”.

No sábado passado, o jornalista William Tonet revelou que na sessão de julgamento da acção movida por Tchizé dos Santos em que era acusada, em duas ou três ocasiões Ana Paula dos Santos ter-se-ia referido a José Eduardo dos Santos como “meu ex-marido”.

A acção, que teve por fundamento um possível envenenamento de José Eduardo dos Santos, foi arquivada por falta de provas, mas o juiz registou a forma como Ana Paula dos Santos se referiu ao falecido presidente.

Já foi levantado o luto de 7 dias decretado em homenagem a José Eduardo dos Santos. Mas, permanecem em Barcelona representantes do Executivo ali enviados para trazer a Luanda os restos mortais do antigo presidente.

Em declarações que a TV Zimbo transmitiu no seu noticiário principal de domingo, o general Francisco Furtado, ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, estabeleceu uma analogia entre o seu propósito em Catalunha e uma missão militar.

“Eu como militar tenho sempre esse princípio: quando vou para uma batalha, vou sempre decidido até atingir o objectivo. O mais importante para nós é sairmos daqui com a missão cumprida. Espero sair daqui com os restos mortais do nosso antigo presidente”.

Sem nomeá-las expressamente, o general Furtado sugeriu que Isabel e Tchizé dos Santos seriam duas pirralhas cuja oposição à imediata trasladação do corpo do pai se deveria exclusivamente a birras e caprichos.

“Nós não podemos estar presos aos caprichos de duas ou quatro pessoas que julgam que retendo o corpo vão resolver o problema”.

Desde a morte do pai, no dia 8, não é conhecido qualquer comentário público de Isabel dos Santos sobre o destino do cadáver.

Mas, depois das duas palavras do general Furtado é muito improvável que Isabel dos Santos continue na sombra.

Com aquelas declarações, o chefe da Casa de Segurança do Presidente da República atraiu a primogénita de José Eduardo dos Santos para o “teatro operacional”. Correio Angolense

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