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Segunda, 21 Fevereiro 2022 17:27

João Lourenço recebe em audiência o jornalista Rafael Marques no Palácio Presidencial

O Presidente da República, João Lourenço, recebeu esta segunda-feira, 21 de fevereiro, no Palácio Presidencial, em Luanda, o jornalista e activista Rafael Marques, cujas preocupações levadas têm que ver com os inúmeros problemas que enfermam o país em quase todos apectos.

A visita segundo informações que Angola24horas acessou, refere-se a uma longa sessão de auscultação das preocupações levantadas por organizações da sociedade civil, ao receber em audiência no Palácio Presidencial representantes de várias associações e líderes religiosos.

Na ocasião, Chefe de Estado recebeu um de cada vez e dentre as várias figuras destaca-se o activista político Rafael Marques, que levou inúmeras preocupações ao titular do poder executivo, nomeadamente as burocracias nos serviços públicos e acções estatais, o problema da fome que assola principalmente o Sul do país e as reformas constitucionais.

Muito recentemente, vale lembrar, o jornalista fez circular dados, segundo as quais, em fim de mandato, chegou-se à conclusão de que o presidente da República e também do MPLA, João Lourenço não foi capaz de orientar Angola para o rumo de que o país precisa.

Segundo Rafael Marques, o trauma da cleptocracia não foi sanado, a administração pública continua disfuncional, não se fez a revisão constitucional, tudo continua a funcionar à mercê de interesses particulares e velhos hábitos enraizados.

"A ideia de bem comum permanece uma miragem. E sem isso nunca se chegará ao pleno Estado de Direito", sublinhou.

À dada altura, Rafael defendeu que a realidade pré-eleitoral desafia os angolanos a dedicarem um pouco da sua inteligência individual à procura do caminho certo para o bem comum, usando solidariamente as suas cabeças para criarem uma sociedade melhor para todos, ou os angolanos e seus governantes continuarão a ser a ruína do país.

Com efeito, realçou, é fundamental que as forças estruturadas da sociedade lancem, com bastante antecedência, debates públicos sobre as agendas e propostas eleitorais. "Se queremos um país diferente, temos de discutir ideias e não emoções".

"Há questões que os cidadãos preocupados com o bem comum devem colocar. Para que serve o poder? Como recordamos os nossos líderes? Quais são os legados de Agostinho Neto e de José Eduardo dos Santos, respectivamente primeiro e segundo presidentes de Angola? Como nos lembraremos de João Lourenço, o terceiro presidente? Que legado nos deixará? Holden Roberto e Jonas Savimbi, os outros dois grandes líderes da independência de Angola, que legados deixaram à pátria? Quem são os heróis nacionais que servem de referência para um cidadão melhor, por uma Angola melhor?", sugeriu, considerando que, sem dúvida os líderes políticos são os principais responsáveis pelo estado actual do país.

Quando João Lourenço assumiu o poder, em 2017, recordou, milhões de angolanos acreditaram que, finalmente, tinham um presidente à altura para os conduzir à transição bem-sucedida de um regime cleptocrático (de captura do Estado) para a concertação social, rumo à funcionalidade do Estado.

"No início do seu mandato, a popularidade de Lourenço alcandorava-o a uma categoria de salvador. Depois de 38 anos de Dos Santos, qualquer mudança era uma lufada de ar fresco. Qualquer promessa era mais uma nota de esperança", frisou.

Contudo, observou, em fim de mandato, Lourenço enfrenta um grande descontentamento popular, uma vez que os paradoxos entre a sua coragem e a sua teimosia levaram-no a navegar de um extremo para o outro em muito pouco tempo.

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