Segunda, 29 de Abril de 2024
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Segunda, 22 Março 2021 20:16

Generais classificam de "jogo político" acusações de que a UNITA pretende desestabilizar Angola

Duas antigas altas figuras da UNITA teceram duras criticas no fim-de-semana contra a direcção do principal partido da oposição angolana, que, em resposta, generais apelidaram de "jogo político".

Em conferências de imprensa separadas, em Luanda, Rui Galhardo Silva, antigo assessor de Jonas Savimbi, e Amadeu Conceição Cortez, tenente-coronel das Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), antigo exército da UNITA, denunciaram a existência de planos do partido para fomentar manifestações contra o Governo e desestabilizar o país.

As reacções não se fizeram esperar por parte de generais ouvidos pela VOA.

Abílio Kamalata Numa, general na reforma oriundo das FALA e actualmente dirigente do maior partido na oposição, mencionado pelo antigo colega Amadeu Conceição Corte como sendo o líder do plano da UNITA para desestabilizar o país, nega a acusação e diz que este tipo de cenário é habitual em véspera de eleiçoes.

"Isto repete-se todos os anos antes das eleições, os angolanos deviam ficar um pouco mais atentos a estas manobras, em aparecem desertores da UNITA que são aliciados com casas, dinheiro, etc., e acusam a UNITA de tudo, mas quem está a desestabilizar Angola é a fome e a pobreza e não eu, um general na reforma, que nunca deixou de alertar o Estado para mudar a forma de fazer política no país”, afirma Kamalata Numa, quem devolve as acusações e diz que “esse indivíduo que nos acusa, ele tem fome, foi aliciado e eu só sinto pena dele".

Outro general, mas das Forças Armadas de Angola e também reformado José Sumbo, diz não acreditar que no país haja alguém com capacidade para voltar ao passado de guerra. “Tudo não passa de jogo político, também o aproximar das eleições em que sacrificam-se pessoas em termos de imagem, para mais tarde serem reabilitados, não acredito na desestabilização do país por esta via", acrescenta Sumbo.

Por seu lado, Manuel Mendes de Carvalho Pacavira, mais conhecido por General Paka, corrobora a opinião de tratar-se de um “jogo político e jogo baixo” de camaradas do seu partido, o MPLA.

"Isto é subversão política feita por alguns camaradas do MPLA, não há nenhum tipo de ameaça, é falso, a orgia pelo poder leva a alguns membros do MPLA a criar estes cenários de instabilidade, eles deviam ter vergonha e lembrar que Angola não pertence a um povo, mas vários povos, e é preciso juntar todos para fazer a nação", sublinha o general na reforma que pede “ao Comandante em Chefe para evitar criar este tipo de cenários”.

E conclui: “Queríamos que João Lourenço debatesse com Adalberto Costa Júnior as questões do país, isto é, o que queremos é não usar as forças de defesa e segurança para satisfazer desejos e caprichos”.

UNITA e MPLA trocam acusações sobre revisão pontual da Constitucional

Liberty Chiyaka acusa MPLA de golpe constitucional e partido no poder afirma que UNITA está completamente perdida

A UNITA, o maior partido da oposição em Angola, acusa o partido no poder, MPLA, de dar “um verdadeiro golpe constitucional” com a proposta de revisão da lei magna do país, cujo projecto de lei foi aprovado no dia 18 com votos do MPLA, CASA-CE, PRS e FNLA, enquanto a UNITA e os deputados independentes optaram-se pela abstenção.

Em resposta, o partido no poder afirma que a UNITA está completamente perdida ao não aproveitar esta oportunidade.

Limitação dos poderes da Assembleia Nacional nos actos da fiscalização do Executivo, alteração da organização dos tribunais e institucionalização das autarquias são algumas das razões que levam a UNITA a considerar a proposta de revisão pontual da Constituição do Presidente João Lourenço de um golpe constitucional.

“Queremos aqui assumir em nome do grupo parlamentar da UNITA que o país está perante um golpe constitucional porque a proposta procura limitar os poderes da assembleia nacional nos actos da fiscalização do Executivo, limitar a organização dos tribunais, e altera a institucionalização das autarquias”, afirmou em conferência de imprensa nesta segunda-feira, 22, em Luanda, o líder parlamentar da UNITA, Liberty Chiyaka.

Em resposta, o porta-voz do partido no poder, Albino Carlos, diz que a UNITA encontra-se desnorteada e “não tem projecto de alternativa para o país, perdendo o tempo com criticas fúteis quando devia aproveitar a oportunidade dada pelo Presidente da República”.

Enquanto isso, reforça Carlos,“parte sempre para ataques gratuitos e manobras de diversão”.

O projecto de revisão vai ser debatido agora na especialidade pelo Parlamento antes de regressar à plenária para votação. VOA

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