As autoridades cubanas entregaram, às Força Armadas Angolanas (FAA), um acervo militar das suas “forças internacionalistas” de “libertação pela independência” de Angola. Esta cerimóna, no Museu das Forças Armadas em Luanda, é um bom pretexto para pôr alguns pontos nos iis. Pois há 40 anos, quando as suas tropas sustentavam o esforço militar, foi muito o que seguiu para Cuba: dinheiro, carros, material hospitalar e até fábricas inteiras.
Mais de cinquenta anos depois do histórico processo de descolonização, da consolidação das independências nacionais, soberania e integridade territorial dos antigos países colonizados, persistem tentações nalgumas partes do mundo para o retrocesso.
Esqueçam por momentos Luaty Beirão e concentrem-se em Alfredo Mambua, um humilde aldeão do norte de Angola. Porquê? Com ou sem genuínos créditos democráticos, Luaty é um privilegiado da corte.
Os homens que mandam em Angola são os novos colonos. Os legitimos herdeiros da luta do MPLA pela independência e pela liberdade são os 17 jovens corajosos que cometeram o crime de pôr em causa os interesses do Presidente, dos seus generais e da sua corte.
A declaração da UNITA face á condenação dos jovens ativistas deixou de boca aberta a maior parte da sociedade politica inteligente ativa, não é que os burocratas do partido do galo negro saíram à rua para afirmar estupidamente, diga-se de passagem, que a solução da crise e das condenações dos ativistas políticos passa pelas eleições de 2018.
Num sistema de poder altamente centralizado como o de Angola, poucos duvidam de que foi José Eduardo dos Santos, e/ou alguns dos seus mais próximos e fiéis, a decidir e/ou assentir à condenação dos 17 “jovens revolucionários”. Tanto mais que as instituições da Justiça são manifestamente débeis. Depois da fase dos recursos, o regime pode decidir levar o processo até ao fim e fazer dos “revus” um exemplo para instalar o medo. Ou despachar tudo num perdão - e magnanimidade – presidencial.
A condenação dos 17 jovens por intenções revoltosas, a que juntaram a acusação de “associação criminosa” no final do julgamento, quer dizer que os juizes entenderam que o chefe queria que eles fossem condenados, fosse a que título fosse. Condenaram e assim cumpriram o seu papel. Este comportamento define o chefe. E uma Justiça que protege os vitoriosos e esquece os derrotados.
Dentro de cerca de duas semanas, Angola vai completar 14 anos sem a ensurdecedora presença no seu quotidiano da destruidora guerra das armas, que teve a particularidade de ser essencialmente fratricida, sem se pretender passar ao lado de todo o protagonismo que os estrangeiros tiveram nela e dos vários lados das barricadas que se confrontaram.