Angola, um Estado fundado a 11 de Novembro de 1975, é exemplo acabado de país governado sem projecto.
À medida que as décadas têm passado, tem ficado cada vez mais evidente que a gestão de Angola pelo MPLA tem sido um processo de violência sem projecto. A Independência foi convertida numa gigantesca arquitectura penitenciária sobre as vidas e sobre as liberdades dos Angolanos.
E quem são os criminosos?
Criminosos são todos aqueles que roubaram dos cofres públicos e esconderam em bancos estrangeiros, e em qualquer parte do mundo onde existe pena de morte para corruptos não acredito que algum deles se livrassem.
Nunca o país se viu confrontado com tantas notícias, informações sucessivas e casos aparentemente escandalosos de posses e supostos desvios de dinheiros públicos, que envolvem pessoas endinheiradas, maior parte delas politicamente expostas, e que tem levado as instituições a reagirem como deviam e podem.
A proliferação de igrejas nunca esteve tão evidente em Angola. No passado, o papel destes parceiros sociais do Estado era claro e gravitava à volta da moralização da sociedade, mediante a transmissão de valores e conhecimentos e o encorajamento de práticas decentes. Missões religiosas espalhadas pelo país contribuíram, de forma directa, para a educação e a instrução de angolanos, que fizeram recursos a estes ensinamentos para ajudar a construir o país.
Esta demasiada e excessiva procura de João Lourenço em sustentar o discurso de salvador da pátria e defensor da democracia mesmo sendo já típico de alguns políticos atuais que se aproveitam de períodos de crise nacional para proferir o mesmo discurso, me parece ter baralhado alguns dos opositores do regime ao ponto que já estão a ver nele o homem que trouxe a esperança para os angolanos.
Direi que a política dos 100 dias de João Lourenço, para lá das funções ordinárias de exonerações e nomeações com o fito de criar uma equipa, teve como impacto a definição de novas políticas e atitudes éticas que mantêm os seus níveis de aceitação bem altos, apesar de nos faltarem sondagens.
Depois de 38 anos de poder absoluto, o país está num buraco, cuja profundidade e diâmetro são épicos. Estamos a assistir ao vivo e a cores ao resultado do “brilhante” plano de criação de uma nova burguesia, conseguido, com sucesso, por via da Primitiva Acumulação de Riqueza, cuja consequência foi a derrota do progresso social e do desenvolvimento económico de Angola.
Isabel dos Santos chamou "mentiroso" ao presidente da Sonangol pelas acusações de má gestão, mas não era em Carlos Saturnino que estava a pensar.