Domingo, 28 de Abril de 2024
Follow Us

Sexta, 15 Janeiro 2016 10:14

Conversa para boi dormir

Não é de responder a editoriais do Jornal de Angola (JA) com a baixeza daquele que a 7 me foi dedicado. A mim e a outros luso-angolanos – uma “fauna” que o editorialista, do alto do seu maniqueísmo, logo se encarrega de separar entre bons e maus. Os maus (os figurões..) são-no pela comezinha razão de terem ideias próprias sobre a sua pátria e não fingirem que não têm. A limpeza com que o homem decretaria que não temos raízes em Angola, mas numa remota e inóspita “no man’s land”, se isso estivesse ao seu alcance!

Por Xavier de Figueiredo

É ao desprezo que se prestam escritos como aquele – do princípio ao fim atravessado por uma torpeza a relembrar o pior do antigo sovietismo do regime aplicado aos seus defuntos “meios de difusão massiva”. Armado em juiz de consciência, o editorialista (a linguagem, os despeitos e os tiques que o texto deixa transparecer não enganam quanto à sua autoria….) lá segue depois o caminho da calúnia e da mentira método para fazer passar as suas vítimas pela “via crucis” a que decide sujeitá-las.

O editorial do JA só merece atenção porque é difícil não ver nele “o dedo” do diligente serviço especial do General José Maria. Foi de certeza essa a fonte das requentadas “patranhas”, sempre com apêndices de insinuações, acerca de mim e da minha vida profissional, que povoam o texto. À cabeça, a que me apresenta não apenas como “antigo e estreito” coloborador da BOSS, mas também de “outros serviços de inteligência ocidentais” – de caminho, como manda a cartilha, associados à subversão contra Angola.

O serviço especial do General José Maria é a soma de uma malha "brigbotheriana" usada em acções de vigilância e controlo de adversários do regime (supostos adversários também), no país e no estrangeiro, com uma central de operações encobertas, as “covert actions”, com um vastíssimo cardápio de safadezas. De serviço de informações, tal como um serviço dessa natureza deve ser entendido, tem muito pouco. Em vez de informar, inventa, manipula e distorce.

Deve ter sido essa inépcia informativa do serviço especial do General José Maria que explica que ele, ou alguém por ele, também tenha impingido ao JA que eu não sou eu e o África Monitor não é o África Monitor. Somos, por junto e atacado, um serviço de informações animado pela sanha de “atacar as autoridades angolanas”.

Os “operativos” do General aos quais coube o alto mérito da descoberta, até conseguiram identificar o local onde o África Monitor está instalado. “Num edifício ligado aos serviços secretos portugueses”, como disseram ao JA, assim confundindo o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), com instalações na mesma rua, mas nem sequer contíguas, com o vulgar centro de escritórios em que tivemos, de aluguer, um simples espaço.

Mas se em vez do SEF fosse uma marca de refrigerantes, haviam também de ver ali, porta com porta, uma suspeita vizinhança com os serviços secretos portugueses.

Sossegue o General e, por acréscimo, o editorialista do JA: quem edita o África Monitor é apenas o jornalista que despontou para o jornalismo dentro daquelas paredes em que o JA está instalado e que nunca isolou o exercício da profissão das suas melhores regras. O resto é “conversa para boi dormir”, como dizem os brasileiros.

AM

Rate this item
(0 votes)