Segunda, 29 de Abril de 2024
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Terça, 09 Abril 2024 11:35

Angolano não muda de vida ao emigrar

Me mostra quem é que foi lá fora e a vida mudou. Você é um pobre aqui, vai lá fora e continua sendo um pobre lá fora. Um pobre com acesso ao autocarro, passeio, água na torneira. - Naice Zulu

Por Roboredo Manuel

O Naice Zulu esta certo em suas palavras, sendo que basta se usar meios indirectos para avaliar o desempenho económico dos emigrantes Angolanos.

Primeiro, os Angolanos da diáspora enviam pouco dinheiro para Angola, apenas 12.6 milhões USD em 2021 e 13.9 milhões USD em 2022, isto para um universo de aproximadamente 380.000 Angolanos a viver no exterior, segundo um relatório do “Migration Policy Institute” de 2020, ou seja apenas 35$ por Angolano no Exterior.

Segundo, não há evidencia de excelência económica dos emigrantes Angolanos, por exemplo Angolanos não constam da lista de estrangeiros empregadores em Portugal, apesar de contar com uma comunidade de 32.000 pessoas com uma longa historia e similaridade cultural, sabendo se que em 2020, os brasileiros representaram 26,7% e os chineses 16% dos imigrantes empregadores em Portugal. Nas posições seguintes apareceram franceses (5,7%), seguidos de britânicos (5,2%), espanhóis (4,9%), ucranianos (3,2%), italianos (3,1%), alemães (3%) e indianos (2,6%).

Nos EUA, os Nigerianos são um imigrantes com rendimentos mais altos, qual é a posição económica dos Americanos ?

Sim, o Puto Prata, colega do Naice que virou operador de empilhadora nos EUA, esta a “mostrar maquinas na America”, só que ter um carro daquele tamanho nos EUA é algo normal para pessoa pobre, pois a venda de bens de luxo para pobres é uma táctica de negócios normal na América, com os ricos muitos vezes tendo gostos mais modestos, sendo que os lares com rendimentos anual abaixo de 50.000$ representam 27% dos compradores de bens de luxo, um grupo mais numeroso que os lares com rendimentos acima dos 150.00$ que consomem os mesmos produtos. O Livro “The Millionaire Next Door” é recomendado para quem quer entender paradoxo do pobre vivendo adornado de bens de luxo, pois os ricos são péssimos clientes de bens de luxo porque preferem guardar dinheiro para investir, preferindo ter uma vida modesta para ter dinheiro no futuro, enquanto que os pobres compram bens de luxo para demonstrar uma aparecia de opulência no presente, a custa da capacidade de ganhar mais no futuro . Recomendo este resumo do livro em dez minutos.

Uma parte dos Angolanos que emigram são na verdade expatriados, no sentido que seu estilo de vida não depende da economia do pais de residência. Os Angolanos expatriados em Portugal, usando o seus salários pagos em Angola, não conseguiriam sustentar seu estilo de vida se estivessem a trabalhar em Portugal, pais aonde a media salários é baixa, sendo que não faz sentido dizer que “mudaram de vida para melhor”, pois se tivessem que trabalhar em Portugal mudariam de vida para pior, não estando muito diferentes dos Angolanos que vivem de apoios sociais, na sua incapacidade de usufruir do estilo de vida desejado no pais de residência. O pobre continua pobre, e a pessoa de classe media só continua na classe media mediante rendimentos usufruídos em Angola.

Apesar da retórica vista nas redes sociais, os Angolanos não fazem emigração por desespero, afinal não estamos entre as nacionalidades que tentam emigrar por rotas perigosas, com risco de vida como pela Líbia, risco alto de fracasso por deportação, o perfil do emigrante Angolano é de alguém que pede um visto e viaja de avião.

Isto mostra que a retórica da “fuga de cérebro” não tem base na realidade, pois o Angolano emigra maioritariamente para países com economia estável aonde pode usufruir um estilo de mais confortável estando na mesma classe social. Qual é a proporção de Angolanos que emigram para países desconfortáveis a busca de oportunidades de negócios, como fazem, em Angola, os Oeste-Africanos ?

O Angolano é emigrante do conforto.

Sim, vale a pena ser pobre na América do que em Angola, sim que o Naice tem razão, só mudaste de lugar aonde vais ser pobre, e quando as condições que criam teu conforto na emigração desaparecer, vais ter de voltar para Angola para continuar a ser o que sempre foste.

É. Se essa terra é nossa, nossos velhos lutaram por ela, nos ensinaram a lutar por ela, vamos ficar aqui. Tá difícil, tá difícil.

Me mostra quem é que foi lá fora e ficou fácil. Ninguém. Me mostra quem é que foi lá fora e a vida mudou.

Ninguém. Você é um pobre aqui, vai lá fora e continua sendo um pobre lá fora. Um pobre com acesso ao autocarro, passeio, água na torneira.

Naice Zulu, no Goza TV

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