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Terça, 13 Dezembro 2022 15:11

Dossier 27 de maio 1977: Um carrasco dos fraccionistas embarrado nos confins do Zango?

Como a história sobre o tenebroso acontecimento do dia 27 de maio de 1977. É daquelas para se ir contando na medida em que vamos nos recordando e a imagem de alguns assassinos e momentos vivenciados nas cadeias vão se desfilando na minha memória.

Hoje vim mais uma vez para vos falar deste aqui na foto na altura operativo da DISA polícia secreta de Agostinho Neto que nos acontecimentos do dia 27 de maio de 1977. Também aprontou das suas prendendo malta do bairro Sambizanga grande parte seus conhecidos alguns até mesmo amigos de infância.

Mas como o facto de ter sido também uma vítima daquele acontecimento com passagem pela cadeia de S. Paulo e campo de concentração do Tari na Kibala. Num total de dois anos e poucos desde 1977 até finais de 1979 ainda assim, não me dá o direito de falsear a verdade histórica daquele acontecimento.

Não vou poupar ninguém, chama-se ele como se chama e sobre este tipo aqui na foto que até já o conhecia muito antes e com quem tinha privado um pouco nos idos tempo colonial.

Quando ele morava no bairro Santo Rosa / Sambizanga onde era conhecido por Nandocas. Também com a alcunha (Bukavu) dono de uma fama terrível naquele tempo no meio feminino como engatatão e extremamente bangão.

Só vou dizer o que vi com os meus próprios olhos fora da cadeia no dia 27 de maio e depois já dentro como detido. Quanto sei ele esteve envolvido na detenção de muita malta do bairro Sambizanga e de quando em vez aparecia na cadeia de S. Paulo e casa da reclusão. Na espreita e controlo para saber se os seus detidos ainda estavam vivos ou já tinham sido eliminados.

Infelizmente grande parte da malta do Sambizanga, meus e alguns amigos dele, foram executados, em especial os que eram na altura da contra inteligência militar e seus colegas da DISA.

Recordo-me de grande deles ainda tão bem como se fosse hoje, muitos ainda os encontrei vivos e partilhei com eles os primeiros dias na tenebrosa cela (G). Que era a cela que tinha mais sangue fresco humano salpicado pelas paredes e no chão.Sangue dos detidos que regressavam dos interrogatórios completamente rebentados alguns irreconhecíveis dado as fraturas e hematomas por todo o corpo. A cela estava repleta de presos. 98% dos quais foram executados poucos dias depois de eu ter sido transferido para a cela (F). Onde já tinha encontrado Reginaldo Silva, Rasgado, Abegão Campos, o Aragão, Ex PGR, Dr. Areias, Vidigal, Ambrósio Lemos e tantos outros eles sabem quem são.

Entre os executados da cela (G) importa deixar aqui uma lista e na medida em que foi me recordando de outros nomes volto a publicar já que as minhas crónicas têm sempre continuação. Entre outros que esatavão lá e foram executados menciono o Palhaço (Man Palhas) da família Dias Dos Santos.

Este ainda vivo já tinha uma das vistas queimada por beatas de cigarros durante o interrogatório, os manos Isaías e Simião com seu primo o Kipuku, o Meno que tinha sido detido pelo seu próprio irmão o Pai dos Picas. Importa dizer, que o Meno quando foi detido estava de baixa médica, tinha os pés rebentados com o que parecia sarna mesmo assim não foi poupado.

O Juka Gorila que morava mesmo ali perto nas Bs, este tinha o rosto completamente desfigurado com coronhadas, Júlio um mulato que era da rua C11, Juka Ngando entre outros tantos.

Continuarei

Por Fernando Vumby

 

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