Angolanos no DN é como se os brasileiros o comprassem. Como se houvesse amantes de Portugal a escrever em Luanda. E como se Lisboa não deixasse fechar, como o fez por ser tacanha e por falta de cem contos, o centenário O Heraldo de Goa... É cumprir-se um destino. Angolanos na mais importante casa da Avenida da Liberdade, que não é a loja Louis Vuitton, é amigos desavindos voltarem a conhecer-se.
Soltá-los da arrogância angolana e da ignorância portuguesa (e vice-versa). É mostrar, cá, que a mais coloquial rádio em português é feita por um mulato do musseque Marçal, Jorge Gomes, a falar com os luandenses presos em engarrafamentos.
É dizer, para lá, que os portugueses não são os miseráveis como às vezes os editoriais do Jornal de Angola apresentam, mas o pedreiro da Beira que na Huíla se encanta com o "obrigado!" com que é devolvido o seu "bom-dia!" Voando, este meu DN revelaria aos seus leitores o que eles nem imaginam: uma Luanda vital e empolgante, muito para lá da ganância dos ricos e da apatia dos vencidos. Ah, se o meu DN voar...
Por Ferreira Fernandes
DN