Num "comunicado de guerra" enviado à Lusa, em Luanda, refere-se que os novos ataques aconteceram entre sexta-feira e domingo últimos, nos arredores da aldeia Makumeni, no município de Buco Zau, "uma semana após a visita do embaixador português [em Angola] João Caetano da Silva" a Cabinda.
O documento refere igualmente que os combates provocaram oito feridos entre os militares das FAA, além de três mortos e quatro feridos do lado das FAC.
"Continuamos a alertar e informar a opinião pública nacional e internacional que Cabinda é um território em guerra. Apesar da campanha de desinformação do Governo angolano, a realidade no terreno é o contrário do que se afirma", lê-se no comunicado.
Alguns jornalistas foram convidados a acompanhar a recente visita do diplomata português a Cabinda, que resultou de um convite do governo provincial, e relataram um ambiente de normalidade naquele enclave.
A Lusa não foi convidada ou informada sobre esta visita.
A FLEC/FAC afirma que "a guerra existe em Cabinda e que os confrontos vão continuar" até que o Governo angolano "se comprometa" em negociar com "uma solução pacífica e uma paz duradoura".
O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas desmentiu em agosto, em Luanda, a ocorrência dos sucessivos ataques reivindicados pela FLEC/FAC, com dezenas de mortos entre os soldados angolanos na província de Cabinda.
Geraldo Sachipengo Nunda disse então que a situação em Cabinda é de completa tranquilidade, negando qualquer ação da FLEC/FAC.
"As pessoas podem ir até Cabinda, ir ao Miconje, ao Belize, ao Buco Zau, ao Necuto, a todos os sítios de Cabinda, a todas as aldeias de Cabinda, que não houve nenhuma ação", disse Geraldo Sachipengo Nunda.
Segundo o responsável, as FAC "estão a sonhar".
"Os órgãos que transmitem essa informação podem ir a Cabinda e verificar que não existe nenhuma verdade", desafiou a chefia militar angolana.
A FLEC luta pela independência de Cabinda, alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte do território angolano.
Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento de resistência armada contra a administração de Luanda.
Lusa