Numa nota, assinada pelo chefe de operações das FAC, Kisolokele Hulk, as forças independentistas daquela província informam que têm em curso "um conjunto de operações militares em Cabinda, como resposta à militarização do território pelo ocupante angolano e repressão da população cabindesa pelas forças de ocupação angolanas".
De acordo com o documento, militares angolanos, para "justificar a multiplicação dos ataques das FAC", acusaram um guia e um militar das FAA naturais de Cabinda de serem informadores da Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC/FAC), denunciando que o primeiro foi "friamente executado no local por militares angolanos".
Relativamente ao militar, o documento refere que o mesmo foi detido e transferido para a cidade de Cabinda, "onde está a ser submetido a um violento interrogatório".
Em 28 de fevereiro último, a FLEC/FAC anunciou a retoma, "de forma intensiva, da luta armada em Cabinda" e alertou que o enclave angolano é "um território em estado de guerra e que os estrangeiros "devem tomar as medidas de segurança adequadas".
Num "comunicado de guerra", enviado então à agência Lusa, a FLEC/FAC argumentou que "nunca quis a guerra e sempre abriu as portas à paz" e que "todas as oportunidades" para a construir foram "esmagadas no sangue por Angola e os seus presidentes Agostinho Neto, José Eduardo dos Santos e João Lourenço".
Na ocasião, o movimento independentista alertou a comunidade internacional e todos os seus expatriados que Cabinda é um território em estado de guerra e por isso todos devem tomar as medidas de segurança adequadas.
O Governo angolano, que nem sequer discute a possibilidade de Cabinda aceder à independência, tem insistido na ideia de que a situação no enclave é "tranquila".
A FLEC, através do seu "braço armado", as FAC, luta pela independência do território alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.
Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento que alega manter uma "resistência armada" contra a administração de Luanda.