As relações entre os dois países saltaram para as primeiras páginas da imprensa dos dois países depois de José Eduardo dos Santos, no discurso sobre o Estado da Nação, ter dito que "só com Portugal, as coisas não estão bem", quando se referiu à política externa de Angola.
O chefe de Estado angolano lamentou então as "incompreensões ao nível da cúpula", que fazem com que o "clima político atual, reinante nessa relação, não aconselha à construção da parceria estratégica antes anunciada".
Sobre o assunto, Gabriel Almeida, consultor financeiro, considera que o Presidente "tem razão", porque a atitude de "alguns políticos que não gostam de Angola" tem sido uma ingerência nos assuntos do país.
"Eu acho que o Presidente tem razão. Por mais que eles achem que têm razão, estão a imiscuir-se em problemas internos e acho muito bem a achega que o Presidente deu, foi ótima, que é para também os outros países começarem a tomar atenção", referiu.
Gabriel Almeida disse ainda que tem consciência que em Angola existe corrupção, mas nos países ocidentais também há mas, entretanto, "limitam-se a criticar os países africanos".
"Portanto, eles atiraram uma pedra no sítio errado e acho que o Presidente tem toda a razão de se chatear com Portugal", acrescentou.
"Há políticos que não gostam de Angola e talvez esses políticos estejam a minar a relação que existe do próprio país com Angola, a minar laços antigos, que já construímos desde os anos da colonização", sublinhou.
Para António Sampaio, reformado do Banco Nacional de Angola, a chamada de atenção de José Eduardo dos Santos "significa independência e soberania".
"Por isso é bem-vinda, porque Portugal mistura política com interesses e Angola tinha que pôr um ponto final nisso", afirmou.
Questionado se o problema afetará as relações entre povos, respondeu estar convencido que "nem os nossos dirigentes vão misturar isso".
"Povo é povo e as relações povo a povo, as relações culturais, consanguíneas, não se mexe nisso. Agora a relação Estado a Estado é outra coisa diferente", frisou.
Da mesma opinião é o lojista Rui Carlos, para quem "tanto Angola como Portugal precisam um do outro".
"Pode ser que Portugal esteja a precisar um pouco mais, porque estão numa fase de crise agora, mas Angola também precisa muito de Portugal, então isso é só uma questão de tempo, vai-se resolver", disse Rui Carlos.
O lojista pede calma às pessoas "preocupadas com a situação", à semelhança dos seus patrões que importam a maior parte dos produtos de Portugal, já que "isso é só uma questão de diálogo", que acredita dentro em breve será resolvida.
"Porque o povo não tem culpa, porque se lá em cima os mais velhos estão a falhar, o povo não pode sofrer, porque o povo precisa de ir buscar coisas lá em Portugal, os portugueses precisam de vir investir aqui e vice-versa. É só uma questão de tempo e vai-se resolver", reiterou Rui Carlos.
LUSA