Numa entrevista ao Jornal de Angola, a médica, que se especializou em Psiquiatria Clínica pela Universidade Estadual de Campinas, adiantou que há pessoas, de ambos os sexos, que traem por não terem a liberdade de estar à vontade com os parceiros.
Outro problema mencionado por Sónia da Cunha é a existência de um número expressivo de casos de anorgasmia, que é a ausência de orgasmo em pessoas devidamente preparadas e excitadas para o acto sexual.
“É uma condição em que tanto o homem como a mu-lher não conseguem atingir o pico máximo do prazer, que é o orgasmo”, acentuou a médica Sónia da Cunha, que, recentemente, publicou, com o pseudónimo Nininha Cunha d’Angola, um livro técnico intitulado “Mulher e anorgasmia - Questões relacionadas com o prazer sexual”, o primeiro de sua autoria. A médica salientou que, em-bora o homem possa ter anorgasmia, a falta de orgasmo afecta mais as mulheres, algumas das quais chegam, durante o acto sexual, a fingir que tiveram orgasmo só para alegrar os parceiros, um gesto que, tem a ver com a educação e a responsabilidade que recebem e aprendem à volta da ideia de que as mulheres é que têm a missão de fazer com que o acto sexual corra bem.
A insatisfação sexual, segundo a médica, pode provocar, sobretudo na mulher, problemas crónicos de foro emocional, como alteração do humor, baixa auto-estima, ansiedade, factores que podem desencadear um ciclo de falta de interesse sexual ou de diminuição da libido.A médica deu ênfase ao facto de a insatisfação sexual poder influenciar na “procura incessante de novos parceiros sexuais”, podendo a mulher, mesmo assim, não encontrar satisfação, um problema que pode gerar frustrações prolongadas.
“A mulher acha que a culpa é dela e sofre muito”, afirmou a médica, que disse estar, como médica, a observar em Angola um certo egoísmo por parte de homens que durante o acto sexual só pensam na sua satisfação.
Na sua opinião, a mulher deve ser autêntica durante o acto sexual e não deve ficar mais preocupada do que o parceiro em dar mais prazer do que receber.
“Há mulheres que, por causa da educação que receberam na família, têm receio de que o parceiro descubra que estão insatisfeitas”, acentuou a psiquiatra clínica, adiantando que as mulheres que agem dessa forma são, sobretudo, casadas e que têm educação religiosa. JA