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Quarta, 03 Agosto 2016 20:20

"Mugabe vai embora" e "Mugabe foi libertador, agora é opressor" - Polícia reprime

A polícia distribuiu bastonadas e usou canhões de água e gás lacrimogéneo para dispersar a multidão A polícia distribuiu bastonadas e usou canhões de água e gás lacrimogéneo para dispersar a multidão

A contestação ao presidente Robert Mugabe continua no Zimbabué, onde uma manifestação contra a política económica do governo foi hoje violentamente reprimida pela polícia em Harare.As centenas de manifestantes que se concentraram na capital foram dispersas à bastonada, com canhões de água e gás lacrimogéneo, segundo um jornalista da agência France Presse.

" Mugabe foi libertador, agora é opressor", " Mugabe vai embora", "Mugabe, o senhor falhou" podia ler-se em cartazes transportados pelos manifestantes e dirigidos ao "pai" da independência do país, com 92 anos e no poder há 36.

Um grupo de jovens licenciados desempregados proibidos de se manifestarem pela polícia juntou-se a um outro cortejo que protestava contra a introdução em maio de uma divisa local, com paridade com o dólar norte-americano.

O grupo pretendia entregar uma petição no parlamento contra a medida que se receia represente um regresso da hiperinflação que destruiu a economia em 2008-2009, forçando o Zimbabué a abandonar a divisa nacional.

A crise económica que afeta o Zimbabué desde o início dos anos 2000 agravou-se este ano e o governo tem tido dificuldade em pagar aos funcionários públicos.

Nos últimos meses têm-se multiplicado as críticas ao presidente e, há duas semanas, os habitualmente leais veteranos da guerra da independência do Zimbabué juntaram-se aos que protestam e criticaram o comportamento "ditatorial" de Mugabe e pediram a sua demissão.

O chefe de Estado zimbabueano reagiu ameaçando as vozes discordantes com uma severa repressão e na última semana cinco veteranos foram detidos.

Todos ficaram em liberdade provisória após terem pago uma caução de 300 dólares e sido acusados de "minar a autoridade do Presidente", segundo a sua advogada, Beatrice Mtetwa, que adiantou que dois outros foram detidos hoje.

No mês passado, o pastor batista Evan Mawarire, um dos líderes da contestação e organizador de uma greve geral, também foi detido e acusado de tentativa de derrube do governo.

Quando foi libertado, Mawarire, de 39 anos, que ganhou nome rapidamente ao divulgar um vídeo na Internet em abril onde atacava a corrupção e a má gestão do governo, apelou à população para continuar a fazer greve e refugiou-se na vizinha África do Sul, onde se encontra ainda.

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