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Sexta, 15 Julho 2016 11:59

Turquia: 754 militares detidos por ligação à tentativa de golpe de estado

Um total de 754 militares foram detidos por estarem ligados à tentativa de golpe de Estado de um grupo de soldados rebeldes na Turquia, que o governo já disse que fracassou, mas que fez pelo menos 60 mortos, noticiou hoje a agência noticiosa Anadolu.

Além disso, cinco generais e 29 coronéis foram demitidos das suas funções na sequência de uma ordem do ministro do Interior, Efkan Ala, de acordo com a agência pró-governamental.

O Governo e os serviços secretos dão há horas a tentativa de golpe como fracassada, embora admitindo que permanecem bolsas de resistência.

O primeiro-ministro, Binali Yildirim, anunciou entretanto a nomeação de um novo chefe das Forças Armadas interino, Ümit Dündar, para substituir o general Hulusi Akar, que as autoridades turcas pensam ter sido feito refém pelos golpistas.

Segundo o mais recente balanço, feito pela Procuradoria turca, pelo menos 60 pessoas morreram esta noite no país no decurso da tentativa de golpe.

Entre os mortos estão 17 polícias, vítimas de um ataque em Gölbasi, em Ancara, a um edifício de uma unidade de elite policial.

O Presidente da Turquia, o islamita Recep Tayyip Erdogan, afirmou que a tentativa de golpe de Estado é como um "presente de Deus" que permitirá "limpar" o Exército.   

"Este levantamento, este movimento é um grande presente de Deus para nós, porque o exército será limpo", disse, em conferência de imprensa, pouco depois de aterrar em Istambul, assegurando que os golpistas vão pagar caro pela sua "traição".

O Presidente turco culpou pelo golpe de Estado, que definiu de "traição", os apoiantes do seu arqui-inimigo, Fethullah Gülen, um imã exilado há anos nos Estados Unidos. O movimento que apoia Gülen (Hizmet) já condenou o golpe, num comunicado em que sublinha que "há mais de 40 anos que Fethullah Gulen e o Hizmet têm defendido e demonstraram o seu compromisso com a paz e a democracia".

O fundador do poderoso Movimento Gülen, com milhões de seguidores na Turquia entrou em rutura, em 2013, com Erdogan e o seu Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, no poder desde 2002), que apoiou na fase inicial da sua ascensão.

Seguiu-se uma dramática luta pelo poder e o início da repressão ao Hizmet no país -- acusado por Erdogan de pretender construir um "Estado paralelo" -- através do encerramento de dezenas de escolas e processos judiciais contra figuras políticas e militares associadas a este movimento.

"O que está a ser perpetrado é traição e rebelião. Eles vão pagar um preço elevado por este ato de traição", frisou Erdogan.

O chefe de Estado turco disse ainda que o hotel onde estava de férias, em Marmaris, estância turística na costa do Mar Egeu, foi bombardeado esta madrugada pouco depois de ter saído do edifício.

Apesar disso, Erdogan manteve o tom desafiador: "Não vamos deixar o nosso país para os ocupantes".

Aos jornalistas, no aeroporto, onde foi recebido e saudado por uma multidão, o Presidente turco disse ainda desconhecer o paradeiro do chefe de Estado-maior, o qual terá sido feito refém dos golpistas em Ancara, no seu quartel-general, segundo os meios de comunicação social.

"Há na Turquia um Governo e um presidente eleitos pelo povo, que estão no poder, e, se Deus quiser, vamos superar esta provação", afirmou, antes de felicitar os turcos por terem saído "aos milhões" para as ruas para defender a nação.

"Aqueles que apareceram com os tanques serão capturados porque esses tanques não lhes pertencem", acrescentou.

Está em curso desde sexta-feira à noite uma tentativa de golpe de Estado militar na Turquia.

Dezassete polícias morreram numa explosão na sede das forças especiais em Ancara e pelo menos seis civis perderam a vida quando se manifestavam contra a tentativa de golpe em Istambul.

Cerca de quatro horas depois das primeiras informações, os Serviço de Inteligência Turca (MIT) anunciaram que fracassou a tentativa de golpe de Estado, mas admitindo que ainda persistem algumas bolsas de resistência por parte dos militares.

 

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