Segundo Mojanku Gumbi, todos os anos são retirados ilicitamente de África 90 mil milhões de dólares ou 90 bilhões de dólares, o que representa mais do dobro do montante que o continente recebe em investimento directo estrangeiro.
"A facturação fraudulenta de transacções comerciais surge como a fatia mais expressiva dos fluxos financeiros ilícitos dos países em desenvolvimento, representando 83,4% das perdas", contabiliza a conselheira do ex-Chefe de Estado, acrescentando que a África Subsaariana é a zona mais afectada do continente.
De acordo com a sul-africana, a fuga aos impostos e a corrupção também sobrecarregam as contas, e alertam para a urgência da adopção de regras mais duras para travar a lavagem de dinheiro.
Os números de Gumbi foram apresentados à margem da 31ª Sessão da Assembleia Parlamentar Conjunta ACP (África, Caraíbas e Pacífico) e UE (União Europeia), inaugurada hoje, e que decorre até à próxima quarta-feira, 15, na Namíbia.
O diagnóstico surge um ano depois de Thabo Mbeki ter apontado o dedo às multinacionais que operam em África, e transferem as suas receitas sem contribuírem para as economias locais.
Segundo o antigo Presidente, que lidera o Painel de Alto Nível sobre os Fluxos Financeiros Ilegais de África, os Governos africanos devem rever as leis para conter essas fugas de capital.
O Painel, estabelecido pela Comissão Económica da ONU para a África (UNECA) e pela União Africana (UA), está no terreno desde 2012, tendo chegado à conclusão que os fluxos ilícitos no continente estão ligados sobretudo a transacções comerciais, evasão fiscal, tráfico humano, de drogas e de armas, suborno, corrupção e abuso de poder.
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