"Israel está bombardeando com armas não convencionais, está tentando retirar os palestinos à força. Por quê? Esse é o último pedaço de Gaza que precisa se tornar inabitável antes de avançar com a limpeza étnica desse pedaço de terra", disse Albanese aos repórteres em Genebra.
A missão israelense em Genebra não estava imediatamente disponível para comentários.
Israel afirma que a ofensiva para assumir o controle da Cidade de Gaza é parte de um plano para derrotar definitivamente o grupo militante palestino Hamas e que advertiu os civis a se dirigirem para o sul, para uma zona humanitária designada.
No entanto, a ONU e vários países afirmam que essas táticas equivalem a um deslocamento em massa forçado e que as condições na zona humanitária são terríveis, com escassez de alimentos.
A advogada italiana Albanese atua como relatora especial sobre direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, uma das dezenas de especialistas nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, composto por 47 membros, para relatar questões globais específicas.
"O ataque em andamento para tomar o último resquício de Gaza não apenas devastará os palestinos, mas também colocará em risco os reféns israelenses restantes", disse Albanese.
Ela acusou Israel de genocídio e disse que a comunidade internacional é cúmplice.
A campanha de quase dois anos no enclave palestino já matou mais de 64 mil pessoas, de acordo com as autoridades locais.
Alguns grupos de direitos humanos, como a Anistia Internacional, também acusaram Israel de cometer genocídio, mas a ONU não deu esse passo. No passado, as autoridades da ONU disseram que cabe aos tribunais internacionais determinar o genocídio.
Israel rejeita a acusação, citando seu direito de autodefesa após o ataque de militantes do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou 1,2 mil pessoas e resultou na captura de 251 reféns, de acordo com dados israelenses.
Em julho, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou que Albanese seria adicionada à lista de sanções dos EUA por suas ações, que ele descreveu como sendo a causa de processos ilegítimos contra israelenses no Tribunal Penal Internacional.
Albanese disse que suas tentativas de viajar a Nova York para a Assembleia-Geral da ONU em setembro para entregar um relatório não parecem promissoras.