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Segunda, 08 Dezembro 2014 17:47

Primeira-dama deve assumir a presidência do Zimbábue

Grace Mugabe, de 49 anos, foi escolhida como sucessora do presidente Robert Mugabe, que tem 90 anos de idade.

O partido no poder no Zimbábue confirmou neste sábado como líder o presidente Robert Mugabe e colocou a primeira-dama em um alto cargo, que a situa como sucessora do chefe de Estado de 90 anos, no poder há mais de 30 anos.

"Quero agradecer-lhes profundamente por terem me escolhido mais uma vez para liderá-los", disse Mugabe diante de milhares de pessoas que o aclamavam durante o congresso do partido União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-FP, na sigla em inglês).

O congresso também confirmou Mugabe como candidato do partido com vistas às eleições de 2018.

Grace Mugabe, esposa do presidente, com 49 anos, foi escolhida líder da poderosa facção feminina do partido, o que a situa como sucessora do presidente, que está no poder desde a independência do país da Grã-Bretanha, em 1980.

"Estou feliz por realizar e oficializar o seu desejo, declarando-a secretária de Assuntos Femininos da ZANU-PF [União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica]", disse o chefe de Estado no último dia do congresso do seu partido, reunido esta semana em Harare.

Com a medida, Grace entra automaticamente no birô político do movimento.

A primeira-dama, que até agora era conhecida apenas pelo luxuoso estilo de vida, demonstrou nos últimos meses uma surpreendente ambição política, que poderá levá-la ao poder.

"Amai!, Amai!"  (Mamãe!, Mamãe!), gritaram os milhares de dirigentes da ZANU-PF reunidos no congresso em Harare, em alusão à primeira-dama, que há tempos tem apelidos pouco elogiosos, como "Primeira compradora" e "Gucci Grace", pela fama de compradora compulsiva.

Relativamente nova na cena política, Grace Mugabe surpreendeu em agosto passado, quando seu marido propôs que ela presidisse a poderosa Liga das Mulheres do partido.

Em seguida, a primeira-dama deixou a porta aberta para um dia assumir a chefia de Estado e fez campanha contra sua rival, a vice-presidente Joice Mujuru, de 59 anos, acusada de corrupção e de participar de um complô contra Mugabe.

Caída em desgraça, Mujuru não participou do congresso do partido, já considerando perdido seu cargo no comitê central. Na quinta-feira, Robert Mugabe a desautorizou publicamente diante dos delegados.

O presidente denunciou uma intriga e ameaçou Mujuru com ações penais, ao mesmo tempo em que lamentou tê-la escolhido vice-presidente do partido há dez anos.

Segundo Lovemore Madhuku, especialista em direito constitucional da Universidade do Zimbábue, Mujuru tem chances legais de manter o cargo na vice-presidência do Zimbábue, mesmo perdendo o posto de vice-presidente do partido, como está previsto.

No entanto, há poucas chances de que vá fazê-lo. "Ela continua como vice-presidente [de Estado] após o congresso, exceto se for suspensa, se demitir ou morrer", disse o especialista à AFP. "A regra não escrita é que o vice-presidente do partido se torna vice-presidente de Estado", acrescentou.

Mugabe nunca nomeou sucesso à frente do Estado e do partido, o que gera intrigas há anos.

Em 2008, as divisões no âmbito da ZANU-PF custaram caro ao partido, que ficou em segundo lugar no primeiro turno das eleições presidenciais, antes de a oposição se retirar, vítima da violência, que deixou 200 mortos.

AFP

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