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Sexta, 16 Setembro 2016 13:10

Amorim e Isabel perdem mais de 100 milhões de euros na venda de 5% da Galp

A holding Amorim Energia, participada em 45% pela petrolífera angolana Sonangol e por Isabel dos Santos, vendeu ontem 5% da Galp por €484,69 milhões. Em 2012 tinham comprado 5% à ENI por €590 milhões

A holding Amorim Energia, controlada em 55% por Américo Amorim, vendeu ontem, quinta-feira, 5% da Galp - correspondentes a 41.462.532 ações - por um valor de €11,69 por ação, numa transação que ascendeu a €484,69 milhões. Com este negócio, a participação da Amorim Energia na Galp é reduzida de 38,34% para 33,34%. Comparando com os 5% da Galp que a Amorim Energia tinha adquirido aos italianos da ENI, em 2012, por €590 milhões, a alienação consumada esta quinta-feira equivale a uma menos-valia de €105,31 milhões.

Esta operação foi concretizada pela Sociétè Generale na tarde de quinta-feira, 15 de setembro, tendo sido anunciada ontem e às 22h00 estava concluída. Embora a liquidação da operação esteja agendada para 20 de setembro - a próxima terça-feira é a data a partir da qual serão obrigatoriamente notificadas todas as participações qualificadas que possam resultar desta transação - não são conhecidos investidores que detenham blocos de acções superiores a 2% do capital da Galp. O Expresso tem indicações de que a colocação desta operação de venda foi feita por dispersão junto de fundos de investimento e institucionais.

Às 12h45 desta sexta-feira, 16 de setembro, as ações da Galp caíram 4,67%, cotando-se a €11,73. Fontes do mercado consideram que a Amorim Energia não teria de vender este bloco num momento em que as condições de transação implicariam uma menos-valia da ordem dos €105 milhões, remetendo-as a uma participação acionista de 33,34%, que nada muda.

Segundo as mesmas fontes, esta operação apenas se justifica se tiver sido feita uma pressão "vendedora" dos sócios angolanos da Amorim Energia - a holding Esperaza, que integra a petrolífera Sonangol, com 55% e Isabel dos Santos com 45%.

Isabel dos Santos assumiu recentemente (a 3 de junho) a presidência da Sonangol, com mandato para efetuar a restruturação do grupo empresarial liderado pela petrolífera estatal angolana. Uma das primeiras decisões de Isabel dos Santos - tomada a 27 de junho pela deliberação 33/2016 - foi no sentido de impedir novas alienações de património e de ativos da Sonangol, que vinham sendo negociados sobretudo nas parcerias feitas com investidores chineses.

No entanto, a necessidade de recentrar a atividade da Sonangol no seu principal sector - o controlo da produção petrolífera e de produtos refinados - implicaria a continuação de uma estratégia de alienações atendendo à dispersão pelos sectores do imobiliário, construção, fibra ótica, telecomunicações, hotelaria e turismo, hospitais e banca. Além disso, a Sonangol precisa de realizar liquidez, pressionada pela baixa cotação internacional do petróleo.

Neste sentido, as mesmas fontes admitem que Américo Amorim - conhecido no mundo dos negócios por não gostar de vender ativos a perder dinheiro - terá sido pressionado para reduzir em 5% a participação da holding Amorim Energia, sabendo-se que manteria o mesmo poder, pois não perderia a minoria de bloqueio, de 33,34%.

Contactada quinta-feira pelo Expresso, fonte oficial do empresário Américo Amorim disse que "não seriam feitos comentários sobre esta operação".

Expresso

 

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