A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, no período entre 08 e 12 de agosto, contrastando com os 68 milhões de euros (ME) da primeira semana do mês e com os 231,1 ME do final de julho, mantendo-se as vendas apenas em moeda europeia.
Segundo o documento, consultado hoje pela agência Lusa, as divisas disponibilizadas na última semana, equivalentes a 770,8 milhões de dólares, destinaram-se a cobrir, nomeadamente, necessidades de importação de bens alimentares (154,4ME), necessidades das indústrias, como importação de matéria-prima (196,9ME), pagamento (transferência) de salários de expatriados (29ME) ou ainda operações (19,4ME) de companhias aéreas, que ainda têm verbas avultadas retidas em Angola.
Foram ainda disponibilizadas divisas para o setor das telecomunicações (53,8ME), para operações com cartões internacionais (35,8ME), para empresas prestadores de serviços ao setor petrolífero (35,7ME),para operações de viagens, ajuda familiar, saúde e educação de angolanos no estrangeiro (35,8ME) e para garantir necessidades dos próprios bancos (29 ME).
O elevado volume de divisas disponibilizado pelo BNA foi suficiente ainda garantir a importação de peças e acessórios (13,4ME), operações diversas das empresas nacionais (39ME), das empresas seguradoras (2,7ME) e as necessidades de ministérios e organismos do Estado (34ME).
Este total, correspondente a apenas uma semana, pode ainda ser comparado com os dados consolidados de junho, em que em todo o mês o BNA vendeu 725 milhões de euros em divisas no mercado cambial.
A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu inalterada, nos 166,714 kwanzas por cada dólar e nos 186,268 kwanzas por cada euro.
Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota de um dólar continua a ser transacionada acima dos 500 kwanzas.
Na revisão do Orçamento Geral do Estado de 2016, em curso, o Governo prevê desvalorizar a moeda nacional até aos 215,5 kwanzas por cada dólar norte-americano e aumentar a injeção semanal de divisas nos bancos.
Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.
A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.
A falta de divisas dificulta ainda a transferência de salários dos trabalhadores expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.
Só de trabalhadores expatriados portugueses estão retidos, segundo o Governo de Portugal, cerca de 160 milhões de euros de vários meses de salários por transferir para contas nacionais (em divisas).
O BNA informou a 22 de julho que está a trabalhar com os bancos comerciais numa "melhor programação na venda de divisas" para "repor de forma gradual, programada, organizada e prudente" as necessidades de todos os setores da economia.
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