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Segunda, 15 Agosto 2016 10:19

Injeção de divisas pelo BNA na banca comercial cresceu dez vezes numa semana

A injeção de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) na banca comercial cresceu dez vezes no espaço de uma semana, para 689,7 milhões de euros ou 770,8 milhões de dólares, máximos de 2016, cobrindo a importação de alimentos e salários de expatriados.

A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, no período entre 08 e 12 de agosto, contrastando com os 68 milhões de euros (ME) da primeira semana do mês e com os 231,1 ME do final de julho, mantendo-se as vendas apenas em moeda europeia.

Segundo o documento, consultado hoje pela agência Lusa, as divisas disponibilizadas na última semana, equivalentes a 770,8 milhões de dólares, destinaram-se a cobrir, nomeadamente, necessidades de importação de bens alimentares (154,4ME), necessidades das indústrias, como importação de matéria-prima (196,9ME), pagamento (transferência) de salários de expatriados (29ME) ou ainda operações (19,4ME) de companhias aéreas, que ainda têm verbas avultadas retidas em Angola.

Foram ainda disponibilizadas divisas para o setor das telecomunicações (53,8ME), para operações com cartões internacionais (35,8ME), para empresas prestadores de serviços ao setor petrolífero (35,7ME),para operações de viagens, ajuda familiar, saúde e educação de angolanos no estrangeiro (35,8ME) e para garantir necessidades dos próprios bancos (29 ME).

O elevado volume de divisas disponibilizado pelo BNA foi suficiente ainda garantir a importação de peças e acessórios (13,4ME), operações diversas das empresas nacionais (39ME), das empresas seguradoras (2,7ME) e as necessidades de ministérios e organismos do Estado (34ME).

Este total, correspondente a apenas uma semana, pode ainda ser comparado com os dados consolidados de junho, em que em todo o mês o BNA vendeu 725 milhões de euros em divisas no mercado cambial.

A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu inalterada, nos 166,714 kwanzas por cada dólar e nos 186,268 kwanzas por cada euro.

Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota de um dólar continua a ser transacionada acima dos 500 kwanzas.

Na revisão do Orçamento Geral do Estado de 2016, em curso, o Governo prevê desvalorizar a moeda nacional até aos 215,5 kwanzas por cada dólar norte-americano e aumentar a injeção semanal de divisas nos bancos.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.

A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.

A falta de divisas dificulta ainda a transferência de salários dos trabalhadores expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.

Só de trabalhadores expatriados portugueses estão retidos, segundo o Governo de Portugal, cerca de 160 milhões de euros de vários meses de salários por transferir para contas nacionais (em divisas).

O BNA informou a 22 de julho que está a trabalhar com os bancos comerciais numa "melhor programação na venda de divisas" para "repor de forma gradual, programada, organizada e prudente" as necessidades de todos os setores da economia.

© LUSA

 

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