Sexta, 19 de Abril de 2024
Follow Us

Quarta, 15 Março 2023 15:24

Credit Suisse afunda cerca de 30% após principal acionista rejeitar injetar mais dinheiro

ZURIQUE (Reuters) - O Credit Suisse (SIX:CSGN) recuava cerca de 30% nesta quarta-feira, renovando mínimas históricas, depois que seu maior investidor afirmou que não poderia fornecer ao banco suíço mais assistência financeira por questões regulatórias.

"Não podemos, porque iríamos acima de 10%. É uma questão regulatória", disse o presidente do conselho de administração do Saudi National Bank, Ammar Al Khudairy, nesta quarta-feira.

O banco saudita adquiriu uma fatia de quase 10% no ano passado depois de participar do aumento de capital do Credit Suisse e se comprometeu a investir até 1,5 bilhão de francos suíços (1,5 bilhão de dólares) na instituição.

O tombo das ações do Credit Suisse pressionava os mercados de ações de forma geral, uma vez que reacende parte do nervosismo entre os investidores sobre a resiliência do sistema bancário global após o colapso do norte-americano SVB Financial Group (NASDAQ:SIVB) no final de semana.

Falando em uma conferência do Morgan Stanley (NYSE:MS) nesta quarta-feira, Ralph Hamers, presidente-executivo do rival suíço UBS, disse que o banco se beneficiou da recente turbulência do mercado e viu entradas de dinheiro.

"Nos últimos dias, como você pode esperar, vimos fluxos de entrada", disse Hamers. "É claramente uma fuga para a segurança, mas acho que três dias não são uma tendência."

O Credit Suisse publicou na terça-feira seu relatório anual de 2022 dizendo que o banco identificou "fraquezas materiais" nos controles sobre relatórios financeiros e que as saídas de clientes ainda não acabaram.

O segundo maior banco da Suíça está tentando se recuperar de uma série de escândalos que minaram a confiança de investidores e clientes. As saídas de clientes no quarto trimestre aumentaram para mais de 110 bilhões de francos suíços (120 bilhões de dólares).

As ações do Credit Suisse eram negociadas a 1,60 franco suíço, em queda de 28,44%, por volta de 13h45 (horário de Luanda), vindas de uma sequência de perdas. No pior momento, chegaram a 1,57 franco suíço.

O custo de garantir os títulos do banco contra a inadimplência disparou. Os CDS de cinco anos sobre a dívida do Credit Suisse aumentaram para 574 pontos-base, de 549 bps no último fechamento, de acordo com dados da S&P Global Market Intelligence, marcando um novo recorde.

No início desta semana, o presidente-executivo do Credit Suisse, Ulrich Koerner, disse em uma conferência que o índice de cobertura de liquidez do banco foi em média de 150% no primeiro trimestre deste ano - bem acima dos requisitos regulatórios.

Terramoto no mercado petrolífero

O barril de crude Brent, que serve de referência para as exportações angolanas, já passou em baixa os 75 USD, um preço que só se encontra recuando a finais de 2021, e abaixo do valor de referência usado pelo Executivo para elaborar o Orçamento Geral do Estado (OGE) 2023.

Com este ritmo a continuar, e se não suceder uma reviravolta substantiva no curso dos mercados, o Governo poderá ver-se na obrigação de rever o OGE como, de resto, já sucedeu noutras ocasiões de forte oscilação em baixa ou em alta no valor do petróleo.

No dia de hoje, o mercado petrolífero observa uma quase queda livre, com valores a aproximarem-se de recordes históricos, a adquirir contornos semelhantes, embora ainda distantes desse momento trágico, ao maremoto provocado pela pandemia da Covid-19 em 2020, embora neste OGE existam previstas reservas orçamentais, que servem para acudir a emergências, de mais de 300 mil milhões Kz.

Isto é relevante em Angola porque a matéria-prima ainda responde por mais de 30% do PIB nacional, cerca de 94% das exportações globais e até 50 por cento das receitas que garantem o funcionamento do Estado.

Quando o OGE 2023, que entrou em vigor esta semana, foi elaborado, ao longo dos últimos meses, a equipa económica de João Lourenço estava longe de poder imaginar, bem como as entidades consultadas para avaliar possíveis oscilações no preço do barril, que este tipo de desmoronamento pudesse suceder.

E, para Angola...

... este cenário é especialmente preocupante porque, como se sabe, ainda depende em grande medida do seu sector energético, considerando que o crude representa mais de 90% das suas exportações, perto de 30% do PIB (tem vindo a descer nos últimos anos o peso do sector) e mais de 50% das receitas fiscais do Estado, sendo certo que o sector do gás natural já é uma importante fonte de receitas, superando mesmo o diamantífero.

Aliás, o Governo de João Lourenço, que elaborou o seu OGE para 2023 com um preço de referência para o barril nos 75 USD, tem ainda como motivo de preocupação a divulgação em Novembro de 2022 de um relatório da consultora Fitch Solutions, onde se antecipa uma redução da produção de petróleo na ordem dos 20% na próxima década, com origem no desinvestimento em toda a extensão do sector, deste a pesquisa à manutenção, quando se sabe que o offshore nacional, com os campos a funcionar, está em declínio há vários anos devido ao seu envelhecimento, ou seja, devido à sua perda de crude para extrair. Reuters/NJ

Rate this item
(0 votes)