A realização de aumento do capital, refere o BCI em comunicado a que a Lusa teve hoje acesso, foi uma medida imposta pelo banco central, após a atual gestão iniciar funções em junho de 2022.
Detido pelo grupo empresarial Carrinho, o BCI estava obrigado a apresentar ao Banco Nacional de Angola (BNA) um programa de recapitalização e reestruturação, como forma de adequar os seus fundos próprios regulamentares e rácio de fundos próprios que estavam desajustados face ao quadro regulamentar.
A gestão do antigo banco estatal, privatizado via bolsa de valores, disse ter encontrado rácios na ordem dos 16 mil milhões de kwanzas (29,3 milhões de euros) negativos, reportados no balancete trimestral.
O BCI sublinha, na nota, que a situação “inverteu-se para mil milhões de kwanzas positivos [1,8 milhões de euros] no último trimestre de 2022, antes da auditoria”.
Segundo a unidade bancária, atualmente o investimento em necessidades de Capex (investimentos em bens de capitais) já ronda em 5 mil milhões de kwanzas (9 milhões de euros), o que totaliza 36 mil milhões de kwanzas (66 milhões de euros) em investimento até ao momento por parte do acionista.
O grupo angolano Carrinho Empreendimentos comprou o BCI no final de 2021, após vencer o leilão em bolsa, desembolsando 16,5 mil milhões de kwanzas (cerca de 30 milhões de euros).
A empresa vencedora ofereceu a proposta de 165.000 kwanzas (302 euros) por cada uma das 100 mil ações à venda, o que totalizou o preço final de 16,5 mil milhões de kwanzas.
A sessão contou apenas com dois concorrentes e foi promovida pela Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva) e supervisionado pelo Instituto de Gestão de Ativos e Participações do Estado (IGAPE) que coordena o processo de privatizações de empresas ou ativos do Estado angolano.
O grupo Carrinho está ligado a várias áreas de negócio e tem sido apontado como um dos que mais beneficia de contratos com o Estado angolano, o que já levou o Presidente angolano, João Lourenço, a negar publicamente qualquer favorecimento.