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Sábado, 03 Mai 2014 13:03

Angola 'longe' de estar imune às crises internacionais

Angola está "longe" de ser imune às crises financeiras internacionais, sobretudo se houver um menor crescimento da economia mundial, o que afectará os preços do petróleo, que constituem 40% das exportações, afirmou o governador do banco central angolano.

Em declarações à agência Lusa e à RTP África, à margem do VII Encontro dos Governadores dos Bancos Centrais dos Países de Língua Portuguesa, realizado na sexta-feira na Cidade da Praia, José Lima Massano indicou que tal cenário pode influenciar a capacidade de Angola continuar a desenvolver os seus programas de desenvolvimento.

"Longe disso (de estar imune). Sentimos os efeitos da crise de 2008/09 na nossa própria economia, que ainda é muito dependente do sector externo. Temos um produto de exportação que é dominante. O sector petrolífero tem um peso de cerca de 40% do PIB ", indicou o governador do Banco Nacional de Angola (BNA).

"Daí que, uma alteração do quadro internacional, como, por exemplo, um menor crescimento da economia mundial, pode afectar o preço do petróleo, como de resto aconteceu em 2010, com os chamados "spillovers" da crise financeira internacional. Fazemos parte de um mundo que é global", sustentou.

José Lima Massano lembrou que Angola, apesar das limitações, está a fazer o seu próprio percurso, admitindo, porém, que qualquer situação de instabilidade nas principais economias internacionais não vai deixar de afectar a angolana.

Questionado sobre o facto de 60% das exportações de Angola já não estarem ligadas ao setor petrolífero, José Lima Massano lembrou que a diversificação da economia ainda depende muito do petróleo que, ao ser "dominante" nas exportações, acaba por criar condições para desenvolver outras áreas.

"Os 60% correspondem ao sector não petrolífero, mas, no caso concerto de Angola, há que entender que o sector petrolífero, ao ser dominante, acaba por criar condições para que a própria diversificação da economia vá acontecendo. Aquilo que gera o sector petrolífero cria potencialidades noutros sectores", explicou.

"Precisamos de continuar a ter um sector petrolífero forte, robusto, capaz de provocar esta onda positiva para o sector não petrolífero", sustentou o governador do BNA, lembrando que o fundo soberano angolano foi constituído com uma capitalização, "do ponto de vista legal", de 5.000 milhões de dólares (3.700 milhões de euros).

Sobre o encontro dos governadores na Cidade da Praia, subordinado ao tema "Experiências de Regulação e Supervisão em Contexto de Crise Económica", José Luís Massano lembrou que Angola tem em curso um "processo agressivo de modernização".

"Em Angola, sobretudo depois de uma avaliação feita ao nosso sistema financeiro pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (BM), em que foram detectadas também algumas insuficiências, quer do ponto de vista normativo, como da própria capacidade de supervisão do Banco Nacional de Angola, começamos com um processo agressivo de modernização", indicou.

"Nesta altura, temos um quadro regulamentado muito em linha com as práticas internacionais e continuamos a fazer o exercício de reforço da capacidade institucional, permitindo que o sistema financeiro continue no curso da estabilidade", concluiu.

Lusa

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