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Terça, 15 Março 2016 21:27

Hospitais angolanos gritam por socorro

Médicos pedem apoio nas redes sociais e autoridades reconhecem situação difícil. Médicos pedem apoio nas redes sociais e autoridades reconhecem situação difícil.

"Preciso que me arranjem material hospitalar como luvas, seringas, compressas, curitas, soro, e tudo que puderem arranjar para as nossas crianças no Hospital Pediátrico. Por favor nossos filhos estão a morrer. Peçam aos vossos amigos e colegas também por favor. Nem que cada um compre uma seringa, acreditem, irá ajudar muito. Estamos mesmo mal aqui, ontem perdemos 27 crianças", lê-se num post colocado por uma médica do Hospital Lucrécia Paim.

Utentes ouvidos pela VOA nesta terça-feira, 15, afirmam que faltam, luvas, seringas, agulhas, medicamentos, até mesmo camas para internar os pacientes.

João Chicoia, director do Hospital do Capalanga, em Viana, reconhece que a estrutura não tem capacidade para acolher mais pessoas porque a procura é muita e diz que 7 a 8 pessoas morrem diariamente naquele hospital.

“É muita gente e a nossa administração está preocupada com isso”, reconheceu.

Por seu lado, o inspector geral do Ministério da Saude Miguel dos Santos Oliveira afirma que a situação é preocupante mas que as autoridades estão a fazer reforços para conter a situação.

“Isto não é só uma situação do Hospital Pediátrico, se for aos privados também estão cheios de pacientes”, afirmou Oliveira, reconhecendo que a situação crítica que se vive no país deve-se essencialmente à falta de saneamento básico.

“Temos grande descarga das chuvas, temos lixo que atraem os vectores, ou seja os mosquitos”, concluiu aquele responsável.

A sociedade angolana já se mobiliza para ajudar no fornecimento de consumíveis que fazem falta nos hospitais.

O médico angolano Maurílio Luyela considera que o colapso do Serviço Nacional de Saúde em Angola é o resultado da má gestão dos recursos financeiros e humanos por parte do Ministério da Saúde.

O especialista em saúde pública disse à VOA que o sector debate-se actualmente com a falta de pessoal qualificado porque, por alegada falta de verbas, não abriu qualquer concurso público para a admissão de especialistas angolanos que se formam nas faculdades do país.

Maurílio Luyele acusa os gestores do Ministério da Saúde de acharem mais importante comprar carros de luxo para directores em detrimento de equipamentos hospitalares.

“É mais fácil comprar carros de luxo para directores ao invés de materiais hospitalares e não há técnicos suficientes para atender a demanda, mas temos médicos angolanos que saem das faculdades que não são admitidos na função pública porque não há como pagá-los”, acusa.

Entretanto o jornal português “Expresso” diz haver suspeitas de que mais de três milhões de dólares tenham sido desviados em Angola dos cofres da organização Fundo Global,o maior financiador mundial de programas de luta contra a sida, tuberculose e paludismo.

Segundo o jornal, o dinheiro destinava-se a campanhas de redução da mortalidade por paludismo no país, que recebeu, desde Agosto de 2005, 94 milhões de dólares .

O articulista, o jornalista angolano Gustavo Costa, sita a inspecção do Fundo Global como tendo concluído que “houve desvio de fundos para fornecedores com ligações a elementos do Ministério da Saúde, concursos manipulados, não concorrenciais e não transparentes, que incluíram falsificação dos relatórios das avaliações das licitações”.

Voanews

 

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