Isabel dos Santos considera que o maior obstáculo ao desenvolvimento de Angola é a educação. A empresária, em entrevista à BBC, sustenta que já foram feitos progressos, mas ainda assim considera que é neste domínio que o seu país apresenta a maior lacuna. O aumento do nível dos conhecimentos será determinante para o desenvolvimento de Angola, acrescenta.
A empresária angolana foi escolhida pela BBC como uma das 100 mulheres em todo o mundo que este ano marcaram a diferença na sua área de actuação, tendo sido no âmbito da iniciativa "BBC 100 Women" que concedeu a entrevista ao canal britânico.
Isabel Santos afirma, por outro lado, que se está a registar uma mudança na forma como os investidores olham para África, passando de uma visão de curto prazo para apostas realizadas com uma estratégia de médio e longo prazo.
Questionada sobra o papel das mulheres em África, Isabel dos Santos considera existir uma nova geração de mulheres africanas altamente qualificadas e empenhadas em criar indústrias e novos postos de trabalho e mudar a História do continente.
A filha do presidente José Eduardo dos Santos, que segundo a revista Forbes é a mulher mais rica de África - com uma fortuna avaliada em 3,5 mil milhões de dólares, cerca de 3,2 mil milhões de euros - admite que a educação continua a ser o sector mais problemático no continente africano, nomeadamente em Angola, que se debate com a crise decorrente da descida do preço do petróleo. "Estamos a olhar para esta questão de forma séria", assegurou à BBC. "Se alguém quiser ajudar África, definitivamente, tem de perceber como auxiliar as nossas universidades", referiu, ressalvando que em Angola a taxa de literacia já chega aos 80%.
A empresária que, conforme assinala a BBC, fez fortuna a partir dos investimentos em Angola e Portugal, manifestou-se ainda satisfeita com o crescimento da classe média em Angola, que é visível sobretudo na subida do número de proprietários de imóveis.
Questionada sobre a responsabilidade social dos empresários que investem em África e em Angola, Isabel dos Santos assinala a "mudança de mentalidade" que tem permitido às empresas que se instalam em território angolano empregar cada vez mais locais e estabelecer acordos e parcerias com universidades, contribuindo para o desenvolvimento da comunidade.
Sobre o papel das mulheres na política e nos negócios, e de que forma a personalidade feminina pode contribuir para o desenvolvimento da economia, Isabel dos Santos responde de forma otimista com a "geração mais nova de mulheres" que, em Angola, tem formação superior, exposição ao mundo e o sonho de "tornar Angola um país como qualquer outro no mundo".