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Sexta, 13 Janeiro 2023 23:37

Fitch vê Angola a crescer 2,7% e dívida pública a melhorar para 54,5%

A agência de notação financeira Fitch Ratings prevê para Angola um crescimento económico de 2,7% este ano e 2,5% em 2024, ano em que a dívida pública deverá ficar nos 54,5% do PIB.

"A Fitch estima que o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de Angola tenha acelerado de 0,7%, em 2021, para 3,1% em 2022, principalmente devido ao robusto desempenho da economia não petrolífera, mas também devido ao regresso ao crescimento positivo do setor do petróleo; prevemos que o crescimento económico desacelere para 2,7% este ano e 2,5% no próximo, principalmente devido a um declínio na produção", diz a Fitch Ratings.

Na nota que acompanha o anúncio da decisão de manter o rating em B- e melhorar a perspetiva de evolução para positiva, os analistas da Fitch escrevem que "a atividade nos setores para além do petróleo deve continuar robusta, refletindo a despesa do governo nos esforços de diversificação e a descida das pressões sobre a inflação".

A Fitch estima que a inflação tenha caído de 28,8%, em 2021, para 22,2% no ano passado, "sustentada numa apreciação do kwanza e no fortalecimento do peso dos alimentos na cesta básica (para 55%), e deverá desacelerar ainda mais para uma média de 14% em 2023 e 11% no próximo ano".

A descida do preço do petróleo face aos valores registados no ano passado, influenciados pelos impactos da guerra na Ucrânia, deverá fazer a balança corrente passar a negativa, com valores de -0,8% e -1% em 2023 e 2024, quando no ano passado teve um excedente de 1,7%.

"Isto acontece devido à descida da receita do Governo para 21,1% do PIB em 2023 e 19,3% em 2024, que compara com a estimativa de 23,6% em 2022, o nível mais elevado desde 2015, com os preços do petróleo a caírem de 100 dólares por barril, no ano passado, para 85 e 65 dólares neste e no próximo ano", escrevem os analistas.

A dívida pública, por outro lado, deverá continuar a trajetória descendente que iniciou em 2021, passando de 77,4%, nesse ano, para 60,3% no ano passado e 54,4% no próximo ano.

"A queda do rácio da dívida sobre o PIB em 2022 foi principalmente motivado pela substancial apreciação do kwanza, e esperamos que o declínio adicional até 2024 seja sustentado num forte crescimento do PIB nominal e em excedente primários orçamentais", ou seja, um saldo positivo das contas públicas antes de serem calculados os juros da dívida.

Apesar da melhoria, os riscos persistem, alertam os analistas, notando que "a maturidade média da dívida externa aumentou para 10 anos no final de 2021, quando em 2018 estava nos cinco anos", o que significa que os juros terão de ser pagos durante mais tempo, e cerca de 80% da dívida é externa, a que se junta o facto de "os juros serem elevados relativamente aos seus pares, com o rácio de receitas sobre a dívida a ser de 17% em 2022, bem acima da média" dos países a que a Fitch dá uma nota B, que usam 11,5% das suas receitas para servir a dívida.

No que diz respeito à capacidade do Governo para implementar as políticas públicas, a Fitch considera que a vitória do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em agosto do ano passado garante continuidade, e não esperam dificuldades de governação.

"A maioria alcançada pelo MPLA e o regresso pacífico à atividade parlamentar deve garantir a estabilidade política nos próximos anos", escrevem os analistas, concluindo que "apesar de a consolidação orçamental poder ficar mais desafiante com o avolumar de pressões sociais depois de cinco anos de recessão, não são esperadas alterações de políticas pelo novo governo".

A Fitch Ratings melhorou hoje a perspetiva de evolução do rating de Angola para positiva, mantendo a opinião sobre a qualidade do crédito soberano em B-, abaixo da recomendação de investimento.

"A perspetiva de evolução positiva reflete a recente queda abrupta da dívida pública, grandes excedentes da balança corrente e riscos de financiamento mais baixos, sustentados por um ambiente petrolífero mais favorável", lê-se na nota que acompanha a decisão de manter o rating em B-, dois níveis abaixo da recomendação de investimento, ou seja, 'lixo', ou 'junk', como é geralmente designado.

A manutenção do rating neste nível "equilibra a significativa fraqueza estrutural, nomeadamente o mau desempenho nos indicadores de governação e humanos, a elevada inflação e um dos mais elevados níveis de dependência de matérias primas entre os países analisados pela Fitch, com a descida do rácio da dívida pública sobre o PIB, as maiores reservas internacionais em comparação com os seus pares e uma estabilidade macroeconómica melhorada", acrescentam os analistas.

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Last modified on Sexta, 15 Dezembro 2023 23:58