Apenas dois candidatos concorrem à presidência da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) no congresso marcado para o próximo mês. Rafael Massanga Savimbi, filho do líder fundador Jonas Savimbi, ocupa o primeiro lugar no boletim de voto, enquanto Adalberto Costa Júnior surge como número dois. A campanha eleitoral começou esta segunda-feira (27.10).
Luís Jimbo, especialista em questões eleitorais, revelou à DW qual deveria ser a melhor estratégia para conquistar votos: "Sendo os candidatos figuras conhecidas dentro do partido, uma campanha personalizada, porta-a-porta e boca-a-boca, poderá ser a melhor estratégia."
Para Jimbo, esta mensagem deve ir além dos delegados ao congresso, já que tanto Massanga como Adalberto ambicionam ser eleitos Presidente da República de Angola nas eleições gerais de 2027. "Desta forma, a estratégia de campanha poderá ligar-se a uma mensagem que mobilize e dê visibilidade à sociedade angolana", diz.
O diretor executivo do Instituto Angolano dos Sistemas Eleitorais e Democracia defende que a comissão eleitoral do XIV Congresso Ordinário da UNITAdeve estabelecer regras claras para o financiamento das candidaturas. Luís Jimbo acredita que isso permitirá uma "convivência saudável e tratamento igual” entre Massanga Savimbi e Costa Júnior.
"Quais são as fontes de financiamento, como devem ser feitas as contribuições, o financiamento de materiais e a prestação de contas depois do congresso", especifica.
Ataques nas redes sociais
Desde que foram anunciadas as candidaturas e as intenções, começaram os ataques e discursos de ódio nas redes sociais. Luís Jimbo espera que, durante a campanha, a comissão eleitoral também controle os conteúdos e mensagens dos candidatos e dos seus apoiantes, "no sentido de respeitar o mínimo de urbanidade, evitar excessos e até adotar mecanismos de conduta no uso das redes sociais."
Para o analista político Eurico Gonçalves, o congresso da UNITA, previsto para o próximo mês de novembro, será decisivo. O maior partido da oposição tem de mostrar que sabe gerir a sua força. "Depois de anos de crescimento político, o desafio agora é consolidar a unidade sem perder energia e coerência", diz.
O país prepara-se para mais um pleito eleitoral em 2027. Como sairá a UNITA deste congresso? Eurico Gonçalves responde que o futuro do partido "dependerá das decisões que tomar agora."
"Se o partido se perder em disputas internas, enfraquecerá. Mas se consolidar a coesão e renovar o discurso, pode apresentar-se como uma alternativa sólida, credível e moderna", conclui.
