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Terça, 22 Setembro 2020 21:41

Generais na reserva dizem que ninguém no MPLA escapa uma verdadeira luta contra a corrupção

A estação televisiva portuguesa TVI revelou na segunda-feira, 21, uma investigação na qual disse que o Presidente de Angola, João Lourenço, facilitou negócios entre o Estado e o seu chefe de Gabinete, Eldetrudes Costa, que renderam ao seu braço direito milhões de dólares.

Nem o Presidente, nem o seu chefe de Gabinete reagiram à notícia, mas generais na reserva alertam que numa verdadeira luta contra a corrupção ninguém escapa no MPLA.

Um dos negócios entre Eldetrudes Costa e o Estado visava a modernização dos aeroportos angolanos, tendo milhões de euros acabado por ir parar a Portugal, onde foi utilizado, segundo a TVI, para comprar casas de luxo em Sintra e Cascais.

Eldetrudes Costa enviou ainda dinheiro para o Panamá, utilizando uma sucursal do então Banco Espírito Santo (BES) na zona franca da Madeira.

Desde que João Lourenço assumiu o poder que Eldetrudes Costa é o seu braço direito, movendo-se há vários anos nos corredores do poder, mesmo durante os mandatos de José Eduardo dos Santos, tendo sido ministro de Estado e chefe da Casa Civil durante aquele período.

A TVI disse ter apurado que vários contratos públicos foram conseguidos com o aval do Presidente angolano.

A empresa EMFC – Consulting, S.A, é detida por Eldetrudes Costa com poderes ilimitados e, num despacho aprovado por Lourenço é mencionada a contratação da Roland Berger, num documento que prevê a subcontratação da EMFC.

O contrato refere-se a fevereiro de 2019 e o outorgante que o assina pela EMFC é o português, Nuno Monteiro Dente, que é representante da Roland Berger desde 2018.

Grande parte desse montante foi transferido para Portugal, o que levou o banco central a investigar as transferências e Eldetrudes Costa, tendo por base falhas graves na prevenção de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo.

Apesar de nunca ter ocupado cargos que lhe rendessem grandes fortunas, Eldetrudes Costa tinha, entre euros, dólares e kwanzas, o equivalente a 20 milhões de euros, segundo um extrato bancário a que a TVI teve acesso.

Governo não reage e generais não se surpreendem

Em Angola, apesar dos esforços da VOA, não foi possível falar nem com a Presidência da República, nem com Eldetrudes Costa.

Entretanto, o general da reserva Abilio Camalata Numa entende que a luta contra a corrupção é apenas um charme e que está longe de ser conseguida.

“A corrupçao é uma questão de segurança nacional e se andarmos aqui numa soluçao cosmética nao teremos soluções”, afirmou o militar da UNITA, alertando que ninguém escapa no MPLA se houver um verdadeiro combate contra corrupção.

“Nenhum dirigente político escapa, no Bureau Politico não escapa ninguém”, reiterou.

A mesma opinião tem o também militar na reserva Pacavira Mendes de Carvalho, mais conhecido por General Paca, quem diz ter recebido com alguma tristeza a informação de que o Presidente João Lourenço, autorizou a contratação de uma empresa de consultoria de Eldetrudes Costa.

“Eu sempre disse que João Lourenço teria dificuldades para dirigir este país porque num passado muito recente todos eles se beneficiaram do sistema de corrupção do Presidente José Eduardo dos Santos”, sustentou o general.

Ainda de acordo com a TVI, outro contrato refere-se a um serviço para a Comissão Nacional Eleitoral de Angola, num trabalho que a empresa de Edeltrudes Costa fez para as eleições que terminaram com a vitória de João Lourenço.

Só com este negócio terá arrecadado perto de um milhão de euros. VOA

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