Sábado, 05 de Julho de 2025
Follow Us

Segunda, 04 Março 2019 21:14

João Lourenço sublinha que não haverá corruptos impunes no seu mandato

João Lourenço falou esta segunda-feira, pela primeira vez, a um meio de comunicação português e afirmou que os níveis de corrupção no seu país atingiram "níveis insustentáveis" e que por isso é um combate prioritário.

"Era preciso fazer alguma coisa sob pena de perder investimento estrangeiro que tão importante é para o desenvolvimento do nosso país", referiu em entrevista à RTP. "Serão precisos nervos de aço para levar este combate [à corrupção] até ao fim", refere.

 "Os corruptos que foram descobertos não terão impunidade", garante ainda o homólogo de Marcelo Rebelo de Sousa acrescentando que não há "intocáveis". 

O presidente angolano referiu também que a dívida entre Angola e Portugal será paga na medida do possível. João Lourenço lamenta que não o possa fazer de uma só vez, mas garante que a dívida será paga. 

"A dívida é para ser paga desde que o devedor reconheça que deve e Angola reconhece que deve", sublinhou.  O presidente angolano afirma ainda que gostaria de ver maior presença das empresas portuguesas na área agrícola, indústria e turismo em Angola. 

Presidente angolano ambiciona melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e dar-lhe mais liberdade de expressão e de imprensa até ao fim do seu mandato.

Marcelo Rebelo de Sousa desloca-se a Angola esta terça-feira numa visita de Estado prometida na última visita de João Lourenço a Portugal.

João Lourenço diz que caso Manuel Vicente não deixou sequelas e relações estão no pico da montanha

O Presidente angolano, João Lourenço, afirmou hoje que as relações entre Angola e Portugal estão neste momento "no pico da montanha" e que o processo que em Lisboa envolveu o ex-vice-Presidente Manuel Vicente "não deixou sequelas".

Em entrevista à RTP, em Luanda, na véspera do início da visita de Estado a Angola do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, o chefe de Estado angolano apontou a necessidade de continuar a aprofundar o relacionamento que "sempre foi especial" entre os dois países.

"Neste preciso momento as relações estão no pico da montanha, estão lá bem em cima. De qualquer forma, temos o dever de continuar a trabalhar no sentido, não diria de manter esse nível, mas de subir ainda mais", disse João Lourenço.

O Presidente angolano acrescentou que o diferendo com Portugal, a propósito da investigação da Justiça portuguesa a Manuel Vicente, por suspeitas de corrupção, enquanto presidente da petrolífera angolana Sonangol, resultou do incumprimento de um acordo ao abrigo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, ao nível da Justiça, com Luanda a reclamar receber o processo.

"Para Angola, essa questão foi relevante porque nós estávamos perante um incumprimento de um acordo entre dois Estados - e dois Estados que se querem bem - e havia a necessidade de uma das partes recordar à outra parte que tínhamos um acordo que precisa de ser cumprido. Felizmente, o bom senso acabou por vencer e esse momento difícil passou rapidamente e não deixou sequelas", declarou João Lourenço.

Sobre a chegada do Presidente português a Luanda na terça-feira, precisamente no dia do 65.º aniversário do chefe de Estado angolano, João Lourenço admitiu que "na política não há acasos".

"Juntamos o útil ao agradável", disse, a propósito da participação de Marcelo Rebelo de Sousa no jantar de aniversário de Lourenço.

O chefe de Estado angolano descreveu que mantém "boas relações" com Marcelo Rebelo de Sousa, de 70 anos, "apesar da diferença de idades".

"Mas as relações são boas e procuramos cultivar cada vez mais", assegurou.

Questionado durante a entrevista sobre as orientações dadas à Sonangol relativamente às participações que a petrolífera detém em Portugal -- indiretamente na Galp e diretamente no Millenium BCP, com 19,49 % do capital social -, o chefe de Estado insistiu que são para manter.

"De uma forma geral, a Sonangol tem orientação no sentido de se retirar daqueles negócios que não têm muito a ver com a sua atividade, que é a extração e comercialização de petróleo, isto é no geral. No concreto, vamos ver caso a caso", insistiu, tal como já tinha feito em novembro, durante a visita de Estado a Portugal.

Concretizando, João Lourenço assumiu que no caso da Galp, como está ligada à extração de petróleo, "não há razão para sair".

"Portanto, a Galp não se põe", disse, acrescentando que sobre a posição no Millennium BCP "em princípio vamo-nos manter".

Rate this item
(0 votes)