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Quarta, 15 Abril 2015 16:23

“Chuva” de biliões de dólares para travar crise (e descontentamento) em Angola

A economia angolana parece ter resistido ao primeiro embate da queda do preço do petróleo, principal fonte de receitas do país. Mas as consequências do abrandamento continuam a preocupar e motivam agora promessas de uma autêntica “chuva” de milhares de milhões de dólares. A grande ameaça é um aumento do desemprego e do descontentamento, e as suas consequências sociais.

Cinco mil milhões de dólares até 2017. É esta a promessa do governo para investir na melhoria do acesso a água potável. Foi feita pelo secretário de Estado Luís Filipe da Silva, durante o Fórum Mundial da Água, na Coreia do Sul, e noticiada pela agência oficial Angop.

O acesso a água e saneamento é uma das principais queixas da população, grande parte da qual ainda vive em bairros degradados. Dados da Organização Mundial de Saúde indicam que 40 por cento dos angolanos não tem acesso a água potável e 53 por cento não dispõe de saneamento.

Na “mira” do Fundo Soberano de Angola, liderado por um dos filhos do presidente José Eduardo dos Santos, estão investimentos na economia – em particular nos sectores de mineração, madeiras, agricultura e cuidados de saúde. Esta semana, prometeu alocar 1,4 mil milhões de dólares a cinco fundos específicos para cada um destes setores.

A promessa é de 250 milhões para investimentos em minas, outro tanto para madeiras, agricultura e para projetos de empreendedores que não têm acesso a financiamento bancário. Para projetos de cuidados de saúde estão reservados 400 milhões de dólares.

As autoridades angolanas têm sido duramente criticadas pela falta de resultados na diversificação da economia. A queda do preço do petróleo apanhou a economia exposta aos efeitos da perda de receitas e obrigou ao anúncio de medidas de contenção e austeridade geral.

José Filomeno dos Santos, presidente do Fundo, afirmou a propósito da alocação de verbas que, no atual “difícil contexto orçamental”, o investimento é “extremamente oportuno porque podem apoiar o desenvolvimento económico necessário à redução da dependência nas receitas petrolíferas”.

As medidas de austeridade entretanto anunciadas evitaram uma situação de rutura financeira igual à que se viveu durante a última crise dos preços do petróleo. Os últimos dados do banco central angolano indicam que as reservas de moeda estrangeira desceram apenas ligeiramente no último mês. A resposta das autoridades mereceu até elogios de alguns analistas.

AM