"Eu penso que a iniciativa foi dos ofendidos (órgãos de comunicação social) a intolerância por parte de um determinado partido político, sentiram a vida dos seus jornalistas em causa, em perigo e reagiram da forma como todos nós vimos", sublinhou O Presidente.
João Lourenço diz acreditar que a guerra dos comunicados não ajuda "muito pelo contrário acirra cada vez mais os ânimos, faz aumentar o nível de tensão que nós enquanto líderes deste país devemos evitar", disse, durante uma conferência de imprensa no âmbito da visita que efectua ao Cuanza-Norte.
O Chefe de Estado entende ser uma questão de diálogo e conversa. "Acredito que se isso acontecer os ofendidos acabarão por perdoar e voltar tudo ao normal", referiu.
João Lourenço lembrou, igualmente, que o país já passou por situações bem mais piores do que estas e os responsáveis por tais situações acabaram por pedir desculpas e os lesados aceitarem as desculpas.
Na terça-feira, o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) apelou também ao diálogo para tentar ultrapassar a decisão dos canais públicos de televisão de suspenderem a cobertura de atividades da UNITA, por queixas de intimidação por parte de apoiantes do partido da oposição.
Em nota assinada pelo secretário-geral, Teixeira Cândido, o SJA pediu ainda aos jornalistas que se abstenham de participar em disputas políticas, referindo que o contexto político, a um ano das eleições gerais em 2022, exige “serenidade” e assinalando que o presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, repudiou no mesmo dia as ameaças e obstrução à atividade dos jornalistas daqueles canais.
Para o sindicato, é necessário “manter a paz social e o estado democrático e de direito”, apelando por isso às direções da TPA e da TV Zimbo que usem o diálogo como o “caminho mais sensato para salvaguarda de todos os interesses em jogo”.
Num comunicado divulgado após o pronunciamento dos dois canais, a UNITA salientou que a decisão vem "confirmar e oficializar a reiterada censura" e violação das leis e deontologia.
Um comunicado do Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política, em que o órgão partidário analisou "todas as envolventes e consequências" da marcha do passado sábado organizada pelo partido a favor de eleições livres em Angola e convidou a tutela e os gestores daqueles órgãos "a refletirem sobre a sua reiterada prática panfletista e exclusivista contra a UNITA e o seu líder".
O partido recordou que o seu presidente, Adalberto da Costa Júnior, condenou logo na altura "as ações dos jovens que impediram as reportagens dos correspondentes das televisões públicas" e assinala que "a legítima defesa dos colaboradores" dos canais "não pode resvalar no argumento de não lhes mandar cobrir futuros eventos organizados pela UNITA".
O Secretariado Executivo tomou também "boa nota" das preocupações da Comissão multisetorial de combate à covid-19, que repudiou a atitude da UNITA durante a marcha de sábado, em Luanda, por violar as medidas previstas para a situação de calamidade pública devido à pandemia, e recomenda que essas preocupações "sejam extensivas a todos os atores, incluindo o MPLA".
O MPLA, partido do poder, anunciou para sábado uma "Marcha dos Milhões" para demonstrar a sua popularidade e apoio ao Presidente angolano, João Lourenço.
A iniciativa surge em resposta à marcha da UNITA, que juntou em Luanda milhares de angolanos, incluindo de outras forças políticas da oposição e elementos da sociedade civil.