Emmerson Mnangagwa é do partido ZANU-PF, o mesmo do ex-presidente e ex-primeiro-ministro Robert Mugabe, morto em setembro de 2019 e que comandou o país por quase 40 anos. Por sinal, Mnangagwa assumiu o cargo depois da saída de Mugabe do poder, em 2017. Durante a campanha, ele foi cobrado por ações para combater a pobreza e a inflação, hoje próxima de 180% ao ano, e agora assume também com a expectativa de obter linhas de crédito do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.
Além dos discursos, a disputa eleitoral foi marcada por denúncias de uso da máquina do Estado para favorecer Mnangagwa. Lideranças de oposição foram detidas e vários comícios do rival do presidente, Nelson Chamisa, foram vetados com o argumento de que violavam as leis de ordem pública do país. Houve ainda atrasos no dia da votação, e que foram associados a uma tentativa de interferir no processo eleitoral.
Na terça-feira, o Departamento de Estado dos EUA emitiu um comunicado se dizendo "preocupado" com as alegações de violência política e com as restrições impostas a jornalistas e observadores internacionais. O chefe da missão de observadores da União Europeia, Fabio Massimo Castaldo, disse que a votação aconteceu em meio a um "clima de medo", e sugeriu que as eleições, que também escolheram os representantes do Legislativo, não foram exatamente limpas e livres.
Além de assegurar a reeleição, Mnangagwa também deve ter maioria no Parlamento: segundo uma projeção da rede estatal ZBC, o ZANU-PF deve ter 101 deputados de um total de 210 cadeiras, enquanto a Coalizão de Cidadãos pela Mudança, principal sigla de oposição, terá 59 cadeiras.